Como eu aprendi a fazer marketing
Nos últimos anos, sem querer, eu desenvolvi uma nova carreira que deu um boost na minha habilidade de fazer software.
👋🏼 Bem vindo a edição de número #50 da Newsletter do Moa.
⚠️ Antes de começarmos, dois breves recados:
1️⃣ Resolvi abrir uma mentoria em grupo. Se você quer meu acompanhamento para se desenvolver como empreendedor de tecnologia, toque aqui e faça sua aplicação.
2️⃣ Fui convidado pelo pessoal do podcast Projeto SaaS para contar um pouco sobre a minha trajetória e também a trajetória do Tintim. Ficou bem legal! Toque aqui para ouvir.
Uma mudança de carreira requer estratégia e planejamento. Eu mesmo não tinha noção de quanto trabalhoso e desgastante seria adicionar uma nova carreira ao meu leque.
Na edição de hoje da Newsletter do Moa, falo um pouco sobre a minha trajetória profissional e suas duas faces.
Você acha que eu também não cometi erros nessa jornada? Vem comigo conhecer um pouco mais da minha história, meus erros e acertos.
T-shaped ou M-shaped?
Eu já contei algumas vezes aqui sobre a minha trajetória profissional. Resumindo: comecei como estagiário aos 19 anos de idade. Fui CLT dos 20 aos 23 anos de idade. Depois de participar de um projeto fracassado, resolvi virar freelancer, aos 24 anos. Abri meu primeiro CNPJ para ser pejotinha, aos 25 anos. Voltei a ser CLT, aos 26 anos, quando fui contratado por uma startup depois de fazer um freela. Essa foi a última vez que trabalhei diretamente para outra pessoa.
Aos 27 anos, resolvi abrir uma fábrica de software, a Codevance. Em paralelo a esse empreendimento, aos 28 anos, resolvi iniciar uma nova carreira: me tornei marketeiro da DevPro. Com a ajuda do Ronaldo na Codevance, e do Luiz na DevPro, eu toquei os dois negócios em paralelo até o meio de 2022. Foi quando eu resolvi sair da DevPro. Meses depois, fundei o Tintim, com 32 anos de idade.
Acredito que a característica mais comum do empreendedor é a sua inquietude. Essa linha do tempo que apresentei, por si só, já é irregular. Eu fui CLT, depois virei freelancer, depois virei PJ, depois virei CLT de novo, depois PJ de novo… uma confusão só.
Agora, pense que esse são os pontos mais relevantes da minha carreira. Existem diversos outros "causos" que foram muito mais breves e menos relevantes. Por exemplo, eu já tive um negócio de fotografia para eventos. Já tentei vender seguidores e software de automação para redes sociais. Já comprei e revendi Raspberry PI no Aliexpress. Já sonhei (e tentei, timidamente) em ser jogador de poker. Já até fiz alguns trades com criptomoedas.
Parte dessa inquietude vem da minha natureza empreendedora. Mas, outra parte dela vem da minha busca incessante por dinheiro. Por anos, eu "persegui o objeto dourado" com a ilusão de conquistar dinheiro a curto prazo.
Por anos, eu acreditei em lógicas tortas, como "ter várias fontes de renda", ou "trabalhe enquanto eles dormem". Minha vida profissional começou a tomar corpo quando eu entendi que nada grande e sólido se constroi do dia para a noite. Mas, isso é papo para outro dia…
Muito se diz sobre o profissional "T-shaped". É aquele profissional que conhece profundamente uma área e superficialmente várias outras. Dia desses, ouvi uma derivação do conceito: o profissional "M-shaped".
O profissional "M-shaped" é aquele que acaba se especializando em mais de uma área e, com isso, acaba desenvolvendo mais uma perna no T. Olhando para trás, vejo que minha trajetória profissional pode ser dividida em duas grandes habilidades: desenvolvimento de software e marketing.
Quando eu decidi aprender marketing, iniciei uma nova carreira praticamente do zero. Na época, eu não percebi isso. Eu só estava focado em fazer o nosso projeto na DevPro dar certo. Hoje, depois de 5 anos trabalhando praticamente 8h/dia com marketing e vendas, vejo que me aprofundei tanto que o meu escopo de conhecimento T acabou se tornando um M.
Quando tive a ideia deste texto, eu pretendia contar sobre a minha transição de carreira. Mas, ao escrever, percebi que, na verdade, eu não mudei de carreira. Eu adicionei uma nova carreira ao meu leque.
Quando eu decidi aprender marketing, não tinha noção do quão trabalhoso e desgastante seria. Se tivesse, com certeza não teria continuado. Hoje, vejo que valeu a pena.
Além disso, vejo que, de forma até inconsciente, houve muita estratégia e planejamento para que eu conseguisse desenvolver essa nova carreira.
Os erros que cometi ao desenvolver uma nova carreira
A ideia inicial deste texto era fazer um apanhado dos meus erros e acertos dos últimos anos. Comecei listando os acertos. Enxerguei vários. Agora, para encontrar os erros, foi muito difícil.
Isso pode soar arrogante. Durante anos eu tive medo de realmente estar sendo arrogante em não conseguir enxergar meus erros. Hoje, percebo que esse medo era fruto da minha insegurança.
Eu estudei tanto sobre mentalidade que, naturalmente, acabei desenvolvendo uma mentalidade de crescimento. Quem tem mentalidade fixa acredita que habilidades são traços inatos e imutáveis. Essas pessoas pensam que o talento, sozinho, cria sucesso, sem esforço necessário.
Quem tem mentalidade de crescimento acredita que as habilidades podem ser desenvolvidas. Essas pessoas enxergam desafios como oportunidades, e abordam erros como parte do processo de aprendizagem. Eu tenho dificuldade em enxergar o erro justamente porque acabo o encarando como aprendizado. Talvez, o primeiro erro tenha sido demorar para virar essa chave.
Todos os erros que enxerguei são na área da mentalidade. Outro erro com o qual tive que lutar durante muitos anos (e ainda luto) é a mesquinhez e a mão-de-vaquisse.
Eu demorei anos para “tirar o escorpião do bolso” e investir sem medo em conhecimento e networking. Minha mente analítica, que necessita enxergar todos os porquês, sempre trava quando preciso fazer um investimento que não tem um retorno tangível.
Eu vendo há 5 anos para pessoas analíticas, e vejo que isso é um problema padrão nessa espécie de ser humano. Se você também é assim, saiba que essa incapacidade de ter fé limita seu desenvolvimento.
No caso do investimento em conhecimento e networking, saiba que o investimento retorna MUITO rápido. Networking, principalmente. Falo mais sobre isso à frente.
Praticamente todos os negócios em que estou envolvido hoje têm alguma conexão com relacionamentos que desenvolvi em ambientes que, deliberadamente, paguei para frequentar. Se eu tivesse enxergado isso antes, com certeza estaria muito mais longe.
Um dos grandes motivos que me impedia de enxergar isso é justamente me preocupar com o que pensariam de mim. Esse foi outro grande erro.
Demorei anos para colocar a cara a tapa e produzir conteúdo na internet, por exemplo. Tive vergonha por muito tempo. Ainda tenho um pouco. Esse é um sentimento que eu brigo diariamente.
O mesmo sentimento sempre me atrapalhou quando eu precisei tomar decisões mais arriscadas ou não-convencionais. "Vão tirar sarro de mim… achar que eu sou metido… quem sou eu para querer ser diferente de todo mundo e não seguir o caminho tradicional?". Se eu tivesse enfrentado esses pensamentos mais cedo, com certeza estaria mais adiante na jornada.
Os meus acertos ao desenvolver uma nova carreira
Os meus acertos foram muitos. Alguns foram intencionais. Mas, com certeza, a maioria foi por sorte, mesmo.
O primeiro deles, e que serviu de base para todos os outros, foi ter dominado um dos ofícios mais requisitados nas últimas décadas e que serviu de base para toda a minha carreira: a programação.
A computação pessoal e a internet foram os grandes pilares da revolução industrial que aconteceu na minha geração. Além disso, elas seguem sendo o pilar para a revolução atual, que inclui IoT, nanotecnologia, IA, etc. A programação é a ferramenta que viabiliza tudo isso.
Eu tive sorte de me apaixonar pelo computador desde muito cedo. Essa obsessão por entender como as coisas funcionavam num computador me trouxe uma profissão com enorme reserva de mercado. Ser programador é o meu grande seguro. Se tudo der errado, eu arrumo um emprego como programador que será capaz de proporcionar conforto para mim e para minha família.
Além disso, a base do meu trabalho é a internet. Saber, com detalhes, como a fundação tecnológica do meu mercado funciona, me dá uma enorme vantagem competitiva. Eu tenho muito mais capacidade de enxergar as possibilidades e, principalmente, as oportunidades.
Por trabalhar com algo tão requisitado, eu sempre tive o privilégio de ganhar bem, e essa foi a base para o próximo grande acerto: sempre ter um bom colchão financeiro.
No momento em que decidi desenvolver uma nova carreira, eu automaticamente abdiquei de continuar atuando em alta performance como programador. Como consequência, abdiquei também de ganhar todo o volume de dinheiro que poderia ganhar. Eu ganhei muito mais dinheiro em 2019 e 2020 do que ganho hoje. Já são 4 anos ganhando menos (e sabendo disso, o que é o mais doloroso).
Desenvolver uma nova carreira é um processo longo, demorado, que custa dinheiro e, principalmente, tempo. Eu só consegui atravessar esse "inverno financeiro" sem grandes preocupações justamente porque sempre poupei grande parte do que ganhei.
Ter uma reserva financeira polpuda te permite correr maiores riscos e fazer movimentos mais profundos, que demandem mais tempo. Ter reserva financeira te permite atuar visando o longo prazo.
O próximo acerto que vou citar vem de uma curiosidade inata que tenho. Ela foi a base para eu desenvolver um hábito que ajudou a acelerar e otimizar o processo: saber estudar de verdade.
Nos últimos 8 anos, eu leio pelo menos meia hora, todo santo dia. Encaro isso como parte do trabalho. O resultado são mais de 150 livros lidos. Quase todos são livros de não-ficção, sobre assuntos relacionados direta ou indiretamente ao meu trabalho.
Isso sem contar cursos, workshops, imersões, etc., nos quais já participei. Para você ter uma ideia, eu listo todos os cursos que adquiri nos últimos anos em uma planilha. Já são mais de 50 linhas…
Além disso, gosto muito de consumir arte. Filmes, músicas, documentários, etc. Para quem trabalha com marketing (e criatividade no geral), desenvolver repertório é essencial. Com certeza, esse repertório foi determinante para acelerar o desenvolvimento dessa minha nova carreira.
Outro grande acerto foi frequentar eventos e comunidades. A minha primeira virada de chave em relação à carreira e desenvolvimento pessoal aconteceu quando conheci o meu amigo Henrique Bastos e o pessoal da sua comunidade, o Welcome to the Django. Eu os conheci justamente porque decidi viajar sozinho para a Python Brasil que aconteceu em BH, em 2017.
Desde esse primeiro grande acontecimento, praticamente todos os acontecimentos da minha vida profissional foram derivados das comunidades que participei. Conheci colaboradores, clientes, parceiros, sócios e amigos nessas comunidades.
A DevPro só faturou R$ 3M durante minha gestão graças ao que eu via e aprendia nas mentorias e masterminds de marketing. O Tintim só nasceu graças a um insight de um colega, dentro de um grupo de mastermind de empresários.
Frequentar comunidades e colaborar com seus membros é acessar uma inteligência coletiva. Como disse Hayek, cada indivíduo só é capaz de deter uma parcela ínfima do conhecimento disponível. O conhecimento está disperso pela sociedade.
Ainda nesse contexto de comunidade e networking, outro grande acerto foi não economizar e pagar para acelerar o processo.
Resolvi dar uma olhada agora nas minhas finanças, e descobri que, nos últimos anos, eu gastei mais de R$ 140k em capacitação, mentoria e networking. Você acha muito dinheiro?
Isso porque você não viu o quanto esse investimento retornou.
Uma das máximas da riqueza diz: se você quer ganhar dinheiro, tem que gastar dinheiro. Como eu disse antes, se eu tivesse perdido o medo de investir mais cedo, hoje estaria muito mais longe.
Agora, acredito que o acerto mais importante de todos foi que o meu método de aprendizado sempre foi atuar nas trincheiras.
Eu nunca consegui aprender algo "por precaução". Eu achava insuportável, na faculdade, saber as milhares de minúcias do PMBOK. Eu não conseguia entender para que aquilo funcionava. Óbvio, né? Eu nunca tinha participado de um grande projeto na vida.
Eu sou uma pessoa muito analítica. Para mim, as coisas precisam de um porquê. Sem essa motivação, dificilmente vou conseguir aprender algo prático de verdade.
Enquanto muita gente acredita que o processo de aprendizado começa pela teoria e desemboca na prática, eu penso o contrário. Para mim, a prática puxa a teoria. É o dia a dia do trabalho que puxa o que realmente precisamos aprender, não o contrário. Entre o mapa e o terreno, eu sempre fico com o terreno.
Eu só sei desenvolver software de verdade porque tenho quase 15 anos de experiência fazendo isso. Eu só aprendi a fazer marketing digital porque estou há 5 anos fazendo isso todo santo dia.
Eu só fui ler um clássico de marketing, como Posicionamento, do Al Ries, depois de 2 anos trabalhando diariamente com o tema. Nesse caso, em específico, foi uma explosão na minha cabeça. Isso porque a teoria conectou muitas coisas que eu via na prática, mas ainda não entendia.
Por isso, acredito que a única forma de aprender, de verdade, é metendo a mão na massa. É errando, batendo cabeça. Um profissional se forma através de suas marcas de guerra.
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E aí, quais dos erros que eu cometi você está cometendo? Quais acertos você poderia fazer e não está fazendo?
Me conta aqui nos comentários.
Abraços.
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Como foi a minha semana?
🏋🏻♀️ Pratiquei 5 dias de exercício físico e completei 81 dos 250 dias da meta do ano.
📚 Estudei 5 dias e completei 66 dos 200 dias da meta do ano.
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O que eu estou lendo:
📚 Sigo lendo o livro Agora's Big Black Book.
📚 Antes de dormir, estou lendo A Vida Como Ela É, do grande Nelson Rodrigues.
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O que eu consumi que gostei e recomendo?
📺 A ótima entrevista do Ícaro de Carvalho para o pessoal do G4 Educação.
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