O caminho mais rápido para ganhar dinheiro e ter qualidade de vida como programador
Esqueça a faculdade, o curso ou o livro. A habilidade que vai alavancar sua carreira na área de tecnologia é a maturidade.
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"A qualidade mais escassa no mercado de programação é maturidade e não conhecimento técnico." Esse é um tweet do meu amigo Henrique Bastos.
Depois de alguns bons anos trabalhando com tecnologia e nesse mundo de startups, eu posso afirmar categoricamente que isso é verdade.
Posso afirmar por dois motivos: pelo tempo de experiência e também por eu mesmo ter passado por um processo de amadurecimento durante essa trajetória.
Depois que você amadurece, fica muito mais fácil enxergar a falta de maturidade alheia.
Mas o que isso tem a ver com carreira e programação? Hoje quero falar sobre os riscos da falta de maturidade e explicar porque amadurecer é o único caminho possível para você ter uma carreira de sucesso na tecnologia.
O meu processo de amadurecimento
O ano era 2017 e eu estava completamente infeliz na minha vida pessoal e profissional.
Tinha dinheiro no bolso, mas só. Comia mal, bebia e fumava muito, estava 15kg acima do peso e completamente sedentário. A minha vida pessoal não tinha nenhum propósito, e a minha vida profissional era igual à vida pessoal.
Depois de um bom tempo insatisfeito, eu resolvi mudar de vida. Pedi as contas e decidi abrir meu próprio negócio e também comecei a comer melhor e praticar exercícios. Esse primeiro impacto positivo de uma cabeça fresca e uma vida saudável começou a colocar a minha vida pessoal nos eixos.
Mas, ainda sim, eu não sabia o que fazer profissionalmente. Na real, até sabia. A ideia era abrir uma fábrica de software. Mas como fazer isso? Não tinha a mínima ideia. Foi quando eu decidi tomar coragem, colocar a mochila nas costas e viajar sozinho pela primeira vez. O destino era a Python Brasil, em BH.
Eu tinha muito medo de me expor ao "fracasso" que era viajar "sem amigos". Mas, a esperança de conhecer gente nova e encontrar um caminho superava essa crença imatura.
Chegando lá na Python Brasil, encontrei uma turma toda vestida com a mesma roupa. Uma camiseta de um curso. Só andavam em bando. O líder era um cara que eu já tinha visto na internet. Chamava Henrique Bastos.
Um dos meus objetivos ao ir para o evento, inclusive, era me conectar com ele. A onda dos infoprodutos estava começando a ganhar corpo e ele parecia fazer um bom dinheiro vendendo o Welcome to the Django, seu curso de programação.
Eu queria muito ganhar dinheiro e esse me pareceu ser um caminho fácil. Eis aqui o primeiro sinal da minha imaturidade.
Na minha cabeça, vender infoproduto era apenas gravar algumas vídeo-aulas, publicar na Hotmart e aprender a comprar tráfego no Facebook. Quando eu acertasse a mão, seria uma questão matemática: "invisto R$ 1.000 e tenho um retorno de R$ 10.000".
Em nenhum momento passava pela minha cabeça que, do outro lado, havia uma pessoa que compraria meu curso. Em nenhum momento eu pensava que o meu curso deveria transformar positivamente a vida dessa pessoa. Eu só queria ganhar dinheiro sem assumir nenhum tipo de responsabilidade.
Voltando à história, acabou que, em um dos happy hours, eu fui parar em um boteco com a galera do WTTD. Cara… que galera massa! O meu santo bateu com aquela turma. Tanto que, lá pelas tantas (de hora e de cachaça), começou uma campanha para me "cooptar para a seita". Queriam porque queriam que eu entrasse para a comunidade me matriculando na próxima turma do curso.
Na minha cabeça imatura, não fazia sentido. Eu já tinha anos de experiência em Django. Não tinha mais o que aprender.
Devido a minha resistência, em determinado momento alguém chamou o próprio Henrique para me convencer a entrar. Ele conversou um pouco comigo, mas praticamente deu de ombros. "Se você quiser entrar, entra". Que carioca marrento!
Minha mentalidade imatura na época era: "Não vou pagar R$ 1.500 para comprar um curso sobre algo que já conheço, sendo que posso baixar no torrent de graça". Outro sinal de imaturidade. Eu só queria levar vantagem, sem nenhum tipo de contrapartida.
O que aconteceu ali foi que o Henrique, muito bom de gente, sacou o meu perfil e "me desafiou" nas entrelinhas. Eu, como um pato (imaturo), cai e acabei me matriculando. Graças a Deus.
O Welcome to the Django não era somente um curso, mas sim uma comunidade de pessoas que trabalhavam ativamente para se desenvolver como seres humanos. Me encontrei ali e, finalmente, a minha vida deu uma guinada.
Tanto que, no ano de 2018, minha vida mudou completamente. Eu, depois de muita teimosia, consegui entender que eu só conseguiria ganhar o dinheiro que desejava se eu amadurecesse como pessoa. Então comecei a me mexer.
O primeiro movimento foi morar sozinho. Foi bem difícil, tanto emocionalmente quanto financeiramente. Lembro que, para fazer esse movimento, eu dobrei meu custo de vida e, ao mesmo tempo, fiquei 3 meses sem ganhar um real. Sorte que tinha dinheiro guardado.
Sair da saia da minha mãe e assumir as responsabilidades de manter uma casa em ordem foi a primeira grande alavanca para o meu processo de amadurecimento.
Por conta dessa guinada na vida pessoal, a vida profissional também deslanchou. Nesse mesmo ano fechei um contrato de 6 dígitos pela Codevance e começou a entrar um dinheiro legal.
Eu tinha certeza que era capaz de entregar o projeto. Ledo engano. Claramente eu ainda não tinha habilidade profissional para conduzir as expectativas dos vários stakeholders.
Devido a minha falta de habilidade e a uma postura amadora por parte do cliente, o que era para ser dinheiro no bolso virou um inferno. Prejuízo financeiro, muitas horas de trabalho, poucas horas de sono e a constante ameaça de ser processado por quebra de um contrato que foi muito mal redigido devido a minha inexperiência. Pela primeira vez eu encarei de frente a (más) consequência dos meus atos. Foi tenso.
Mas, no final, tudo deu certo. O Henrique me ajudou muito durante o processo, me aconselhando e me orientando para que eu tomasse boas decisões, tanto do ponto de vista técnico, quanto do ponto de vista ético. Conseguimos entregar o projeto e todas as partes ficaram suficientemente satisfeitas.
Houve um grande prejuízo financeiro, sim, mas que nem se compara ao aprendizado. Sou muito grato por ter passado por tudo isso.
Tanto que, daí para frente, minha vida decolou. 2019 e 2020 foram os anos que mais ganhei dinheiro na vida, até então.
Foi nessa época que eu fechei contrato com uma empresa que viria a ser o meu maior case de sucesso. Foi nessa época, também, que eu e o Renzo resolvemos nos juntar para criar a DevPro. Nessa época o Ronaldo, que hoje é meu sócio, começou a trabalhar comigo na Codevance.
Na vida pessoal, nem se fala. Eu virei praticamente um atleta amador de Crossfit. Passei a me exercitar pelo menos 5x na semana. Emagreci, diminuí a bebida e comecei a comer melhor. Meu relacionamento com a Nathalia. Viajei sozinho diversas outras vezes. Conheci muito mais gente foda.
A falta de maturidade no nosso mercado
Sem dúvida nenhuma, amadurecer foi o processo chave para que eu evoluísse como ser humano e, consequentemente, como profissional.
Antes de produzir esse texto, eu pedi para alguns colegas comentarem sobre a imaturidade no mercado de tecnologia. Chamei a galera no WhatsApp e escrevi "Me manda um áudio sobre o assunto". O pedido foi intencionalmente aberto, para não enviesar ninguém. Entretanto (mas, como previsto), todos falaram praticamente a mesma coisa.
Um dos colegas trocou de emprego há pouco tempo e comentou o quanto ficou impressionado com a quantidade de programadores seniores que simplesmente não se importam com o valor do produto que estão construindo. Só pensam em escrever código e discutir arquitetura. Chegam ao ponto de não querer interação com o time de produto pois "o pessoal do produto complica demais".
Nesse caso, claramente há uma desconexão com o valor gerado. Não entendem que o código é um meio para gerar valor ao usuário. Não enxergam que sua função é resolver problemas. Eles acreditam que o seu trabalho é escrever código. Isso é um sinal claro de imaturidade. Suas motivações partem de desejos pessoais, e não da necessidade do outro.
Uma das grandes reclamações de quem programa é ser tratado como "fritador de pastel" por quem demanda software. A metáfora sugere que quem não programa não entende as nuances do desenvolvimento de software e, por isso, enxerga essa tarefa como tão trivial quanto fritar um pastel.
Agora, me explica: como não ser tratado como um mero executor de demandas se não há um interesse genuíno em entender o problema que você está sendo pago para resolver?
Como ficar indignado com a pessoa que não enxerga as nuances do desenvolvimento de software se, do nosso lado, não há o desejo de enxergar as nuances do problema do usuário? Essa postura é um sinal claro de imaturidade.
Um outro colega apontou como uma das causas dessa epidemia de imaturidade a visão sexy que é propagada em relação à tecnologia.
Desde o advento da internet, trabalhar na área de tecnologia virou um sonho de consumo. A pandemia, que causou a transferência de grande parte da economia do mundo físico para o mundo digital, só fez crescer essa narrativa.
Quem não quer ganhar um salário de R$ 10k com apenas dois anos de experiência na área? Quem não quer trabalhar de onde quiser, a hora que quiser, sem precisar sair do quarto? O mercado de tecnologia é, sem dúvida nenhuma, um dos melhores mercados para se trabalhar atualmente. Mas é preciso cautela para não se iludir com o canto da sereia.
Onde estão as desvantagens dessa carreira? É imaturo pensar que todos esses benefícios virão sem nenhum tipo de contrapartida. Antes de colher é preciso plantar. Não existe almoço grátis.
O próprio estereótipo da startup simboliza imaturidade. Sala de vídeo game, piscina de bolinha, cerveja e snacks liberados… Estamos falando de uma empresa ou de um buffet infantil?
Esse estereótipo pode incentivar motivações erradas. Se o seu objetivo é trabalhar com tecnologia exclusivamente porque assim você vai ganhar bem e ter liberdade para fazer o que quiser e a hora que quiser, sinto muito, mas a sua postura é imatura.
Por favor, não me entenda mal: é super genuíno desejar dinheiro e qualidade de vida. O problema é se motivar exclusivamente por isso. A motivação que constrói uma carreira sólida é o desejo de gerar valor ao próximo. O desejo de ser útil, de servir. De resolver problemas.
Os benefícios de se trabalhar com tecnologia não existem por si só. A carreira nesse mercado propicia altos salários e qualidade de vida justamente porque a tecnologia potencializa a sua capacidade de gerar valor. Os benefícios são consequência, e não causa.
Além disso, poder exercer sua profissão e ainda ter qualidade de vida é um privilégio que geralmente é colhido depois de muito plantio. Para conseguir gerar valor ao próximo trabalhando no conforto da sua casa é preciso ser bom no que faz.
Se ilude quem pensa que, para ser um bom profissional, basta ter muitas horas de estudo. Esse é um pensamento imaturo. O conhecimento não é um fim em si mesmo. Ele é apenas instrumento para resolver o problema do outro.
O que te torna um bom profissional não é o quanto você sabe, mas sim sua capacidade de gerar valor. Essa capacidade só será desenvolvida com a prática. Para ser bom no que faz é preciso experiência.
Ao priorizar exclusivamente o bem estar, você perde ótimas oportunidades de aumentar sua experiência e acelerar sua evolução como profissional. A oportunidade de trabalhar até mais tarde acelera seu crescimento. A oportunidade de trabalhar ao lado de bons profissionais acelera seu crescimento.
Por fim, entenda que sim, a programação é um dos melhores caminhos para você que deseja um alto salário e uma ótima qualidade de vida. O pulo do gato é sacar que esses benefícios são resultado da sua capacidade de gerar valor ao próximo. Enxergar isso é ter uma visão madura em relação a sua carreira.
Quanto mais rápido você internalizar essa forma de pensar, mais rápido você vai ganhar dinheiro e desfrutar de qualidade de vida.
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