Como hackear o mercado e ganhar um alto salário como programador
Você não precisa de anos de experiência nem um conhecimento profundo.
👋🏼 Bem vindo a edição de número #16 da minha newsletter.
⚠️ Antes de começarmos, um breve recado: Estamos procurando programadores para trabalhar no Tintim. Se você possui experiência profissional em Python e Django e quer trabalhar comigo (ou, pelo menos, fazer um freela), responde esse email me convencendo a te contratar.
Imagine você, no auge dos seus 24 anos, ganhando um salário de R$ 16.800 reais mensais. Eu ganhava o equivalente a isso nos valores da época. Não tinha somente 2 anos de experiência, é verdade. Mas o salário era de sênior.
Em uma postagem que fiz no Linkedin, o meu amigo Henrique Bastos deixou um comentário bem interessante. O post falava sobre os altos salários pagos na área de tecnologia e ele complementou listando alguns motivos pelos quais nossa área paga bem mesmo quem não tem tanta experiência e know how técnico.
Eu já vi vários casos de pessoas com pouca experiência ganhando bons salários. Eu fui um desses casos.
Hoje eu vou te contar um pouco mais sobre essa história e também falar sobre como você também pode conseguir ganhar um bom salário sem ter experiência.
"Dev Sênior" em menos de 5 anos
Um pouco depois de ter completado 23 anos, eu decidi pedir as contas e trabalhar por conta.
Eu ganhava R$ 3,5k na época, que, corrigidos, equivalem a um pouco mais de R$ 7k no dinheiro de hoje em dia. Era um ótimo salário, principalmente para alguém que morava com a mãe e não tinha nenhum gasto relevante.
Acontece que era um emprego que eu odiava. O projeto era ruim, do outro lado da cidade e o ambiente era uma merda. Convenhamos: dificilmente um local que te incentive a trabalhar de roupa social será um bom lugar para trabalhar 👀.
Diante desse cenário, eu fiz uma conta: se eu vendesse um site por mês, eu conseguiria fazer uma grana equivalente ao que eu ganhava. Com esse número em mente, eu decidi pedir demissão. Obviamente, a conta estava completamente errada. Não calculei benefícios, férias, décimo terceiro, etc. Mas, tudo bem.
O que importa é que, naquela época, eu não tinha nenhuma grande responsabilidade. Se eu ficasse sem dinheiro, as consequências não seriam graves. E eu, mesmo que inconscientemente, sabia disso.
No paralelo eu já estava montando um outro negócio que não tinha relação com tecnologia. Eu era tão infeliz como programador que estava ficando traumatizado. O objetivo desse negócio era fugir do mercado de tecnologia. Eu contei um pouco mais sobre esse momento nessa edição da newsletter.
Por mais que eu estivesse montando um novo negócio e fazendo freelas, o meu verdadeiro desejo, na época, era me tornar jogador de poker. Eu não contei isso para ninguém. Até para mim mesmo eu não assumia abertamente esse desejo. Eu via, no poker, uma forma fácil de ganhar muito dinheiro (obviamente, outra ilusão). O real motivo para eu ter pedido demissão foi esse. Eu queria ter tempo para estudar e praticar poker.
O resultado desse período foi que eu fiquei durante um ano fazendo freelas e tentando aprender a jogar bem. Não fazia nada direito, porque, na época, era preguiçoso e desfocado. Em termos de diversão, sem dúvidas foi um ano muito produtivo. Praticamente todo dia eu tinha um evento social. Mas em termos de dinheiro e de desenvolvimento de carreira, foi um ano de estagnação.
No meio de 2014 eu recebi um contato para mais um freela. Fiquei animado pois dessa vez era em Python (eu só estava fazendo site em Wordpress). Fui até o local para saber mais detalhes. Era um sistema que envolvia scrapping, automação e precisava ser finalizado.
Peguei o codebase, fiz alguns testes, validei algumas hipóteses e confirmei que pegaria o job. Na hora da negociação, a pessoa que estava negociando comigo foi super gente boa e me deu um toque: "pode cobrar R$ 60/h que é o padrão aqui da galera". Eu estava pensando em cobrar uns R$ 25/h.
Em uma tacada só ganhei quase R$ 10k, nos valores da época. Imagina só a felicidade do garoto. Nesse momento eu percebi que tinha uma grande oportunidade. O sistema precisava ser colocado no ar, mas, depois, também precisaria de evolução e manutenção. Se eu fizesse um bom trabalho, conseguiria pleitear um contrato mais longo.
No primeiro mês eu dei um gás, coloquei o sistema para rodar e entreguei o prometido dentro do prazo. Já no dia seguinte, negociamos uma primeira melhoria. Mais um mês de contrato. No próximo mês, outra melhoria. Depois de ter gerado valor por três meses seguidos, eu consegui negociar um contrato de 12 meses. O contrato era muito bom. Remuneração mensal de mais de R$ 10k e com direito a um dia da semana de trabalho home office, que era na sexta-feira.
Essa foi a primeira vez na vida que eu ganhei bastante dinheiro. Na época, consegui trocar de carro e fazer um bom pé de meia. Esse pé de meia, no futuro, foi o suporte necessário para eu conseguir sair da casa da minha mãe e ir morar sozinho.
Na época eu me considerava um sortudo por essa oportunidade ter caído no meu colo. Eu era um programador pleno ganhando salário de sênior e trabalhando 1x/semana do conforto do meu quarto. Isso em 2014, época em que nem sonhávamos em discutir trabalho remoto. Surreal.
Hoje, eu continuo considerando que tive sorte, mas também enxergo que eu fui premiado por alguns comportamentos que tive, ainda que de forma intuitiva e não pensada.
Você não ganha dinheiro para programar
Esse foi o comentário que o Henrique deixou lá no Linkedin. Conteúdo bem didático e eu assino embaixo. No caso que contei acima, aconteceram comigo justamente os pontos que o Henrique explicou.
Eu sempre me comuniquei bem, apesar de ter sido uma criança tímida e ser uma pessoa introspectiva. Quando fui chamado e vi que podia resolver aquele problema, o primeiro passo foi comunicar isso da forma mais clara e convincente possível. Inconscientemente eu sabia que não bastava saber resolver, eu precisava convencer os contratantes que eu iria resolver. Fui premiado devido a minha boa capacidade de comunicação.
Depois de convencer o contratante, eu precisava, de fato, resolver o problema. E, por mais que aquele fosse um problema técnico, eu sentia que ninguém ali estava interessado em saber como eu iria resolver o problema. Eles apenas queriam o problema resolvido. Queriam que o software começasse a operar para poder diminuir o custo de operação deles.
Acredito que os meses anteriores trabalhando como freela foram responsáveis pelo desenvolvimento dessa segunda habilidade: a de resolver problemas.
Quando você pega um freela, principalmente esses sites de agência de marketing, você fica incumbido de entregar um produto final, não importa como. Meus contratantes não queriam saber se eu ia desenvolver o site em Wordpress ou Joomla (meu Deus estou ficando velho). Eles só queriam um site para entregar para o cliente.
Inconscientemente, usei essa experiência nesse novo projeto. Passados um mês, havia um software no ar. Eu fui premiado pela minha capacidade de ter resolvido o problema.
Feito isso, o software precisaria ser mantido e aprimorado. O software começou automatizando uma parte pequena da operação. O objetivo do projeto era automatizar toda a operação.
Acontece que eu não tinha a mínima ideia de como funcionava o negócio do cliente. Era um mercado completamente novo pra mim. Também não tinha ninguém dedicado a me ajudar. Faz sentido, afinal, na cabeça do contratante, um profissional que cobra R$ 10k tem que saber se virar sozinho. E ele está certo.
Por fim, eu só consegui manter e estender o contrato porque eu fui aprendendo o que precisava ser feito no meio do caminho. Também fui premiado por essa habilidade.
Contando assim, parece que foi tudo mil maravilhas e que eu sou um puta gênio, mas é claro que foi difícil para caramba.
Primeiro, que eu não tinha a mínima noção desse lado estratégico. Segundo, que eu ainda era muito imaturo, tanto tecnicamente como profissionalmente. Fiquei na corda bamba várias vezes por conta da insegurança. Fiz muita coisa errada durante o processo e tenho certeza que sempre houve uma dúvida no time do contratante se aquele moleque conseguiria resolver o problema deles.
No fim do dia, não tenho dúvidas que a sorte foi um fator determinante em toda essa jornada. Por sorte eu tive acesso a essa oportunidade e também por sorte eu consegui fazer a coisa certa, mesmo sem saber que estava fazendo.
Você não precisa ficar a mercê da sorte
Dizem que uma pessoa inteligente aprende com seus próprios erros, enquanto a pessoa sábia aprende com o erro dos outros.
Se você está lendo este texto e ainda não é um profissional que ganha como um sênior, considere-se uma pessoa de sorte, pois você está acessando um conhecimento que pode te fazer aumentar sua remuneração sem, necessariamente, que você precise aumentar sua experiência nem seu conhecimento técnico.
Se você conhece as regras do jogo, você sabe como hackear o jogo. O mercado de trabalho também possui algumas "regras". Assim como todo outro aspecto econômico do mundo, o mercado de trabalho é regido pela lei da oferta e da demanda.
Não à toa esse assunto sobre "dev sênior com 2 anos de experiência" ficou tão em voga na pandemia. Esse foi o momento da história recente em que o mercado mais demandou profissionais de tecnologia. Devido a essa alta demanda, o mercado premiou as pessoas que não eram tão experientes tecnicamente, mas que, ainda assim, conseguiam gerar valor para seus contratantes.
Ou seja, em um mercado com alta demanda é possível ganhar um bom salário, mesmo que você não seja um profissional tarimbado. Essa é uma das regras do jogo.
Outra regra importante é entender que a experiência técnica é apenas um dos fatores que determinam a remuneração de um profissional. E, na maioria das vezes, esse nem é o fator mais importante.
Experiência e capacidade técnica não são fins por si só. Ninguém ganha um bom dinheiro porque sabe muito ou porque tem muito tempo de estrada. Um profissional com essas características será bem remunerado somente se conseguir aplicar esse conhecimento e bagagem para resolver problemas. O que te faz ganhar bem é a sua capacidade de gerar valor.
Não só a capacidade de gerar valor em si, mas também a sua capacidade de demonstrar e convencer o outro lado que você é capaz de gerar valor para ele. O que determina um bom salário, na grande maioria das vezes, é a sua capacidade de negociação.
Em 2014 o mundo da tecnologia estava mais ou menos parecido com o mundo de hoje. Não havia nenhum hype que justificasse um programador pleno ganhar R$ 10k/mês. Ainda sim, isso aconteceu comigo.
Aquela empresa, em específico, precisava de alguém que resolvesse seu problema. Era um problema caro, tanto no aspecto econômico, quanto no aspecto diplomático. Um diretor tinha bancado aquele projeto e, para manter sua credibilidade, esse projeto precisava sair! Eu tenho certeza que esses R$ 10k/mês eram dinheiro de pinga perto da economia que o software que eu finalizei trouxe para a operação.
Por isso é importante entender o contexto da empresa que será sua possível contratante. Talvez o mercado não esteja tão favorável, mas isso não é um problema. Isso só significa que haverá menos oportunidades, mas ainda sim haverá oportunidades. Seu papel é buscar a melhor oportunidade para você.
É por isso que, na DevPro (projeto que fui sócio durante 3 anos), um dos pilares do método era participar de, pelo menos, 50 processos seletivos. Ali falávamos para iniciantes que buscavam sua primeira vaga, mas essa técnica vale para profissionais em qualquer estágio de carreira. Ao se expor ao mercado e entrar em contato com diversas oportunidades, você aumenta suas chances de encontrar um contexto que permita uma boa negociação para você. Em resumo, você diminui a dependência da sorte.
Por fim, se você conseguir um salário acima da média para o seu nível de conhecimento e experiência, ponto pra você! Os seus atributos técnicos podem não ser compatíveis com o salário que você ganha, mas, com certeza, você possui outras qualidades que compensam essas deficiências. Isso é provado pelo simples fato de que, se tem alguém pagando um bom salário para você, significa que você vale o investimento.
A maioria das pessoas que falam mal de "dev sênior de 2 anos", são, na verdade, pessoas que ainda não entenderam as regras do jogo. Ignore-os.
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