Um simples detalhe que pode poupar anos de erros na jornada do empreendedor
O que é e qual a importância do tal do Founder Market Fit
👋🏼 Bem vindo a edição de número #37 da Newsletter do Moa.
⚠️ Antes de começarmos, um breve recado: Me ajude a produzir um conteúdo cada vez mais relevante. Separe alguns poucos minutinhos e toque aqui para responder algumas perguntas. 🙏🏼
Faça um exercício de imaginação comigo.
De um lado, um chef de cozinha com mais de 10 anos de experiência decide fundar uma startup no mercado de alta gastronomia. De outro, um estilista, também com mais de 10 anos de experiência, decide fundar uma startup no mercado agrícola.
Qual terá mais chance de sucesso? É claro que com somente com essas duas informações é difícil responder esta pergunta. Mas, com certeza, ajuda muito o fato do chef ter mais de uma década de experiência no mercado que pretende empreender.
Essa afinidade entre empreendedor e mercado tem um nome: Founder market-fit. Esse é o assunto de hoje da Newsletter do Moa.
O meu primeiro negócio
Lá em 2013 eu abri o meu primeiro negócio, o Instaplay. Influenciado pelo meu amigo Ricardo, eu comprei uma impressora fotográfica, licenciei um software e comecei a oferecer um serviço bem inovador para a época.
A proposta do Instaplay era transformar o convidado de um evento em fotógrafo oficial. Nós imprimíamos as fotos publicadas no Instagram pelos convidados e as disponibilizávamos como brinde. Era uma lembrança inesquecível de um momento marcante.
Era um mercado completamente novo para mim. Eu nunca tinha trabalhado com eventos antes. Também nunca tinha trabalhado com fotografia. A única vantagem que eu tinha era alguma intimidade com tecnologia e redes sociais.
Me lembro de vários perrengues que passamos. Eu não tinha ideia de como era fazer prestação de serviços para eventos.
O tipo de evento que a gente mais fazia eram casamentos. O nosso ticket era relativamente alto. Ou seja, as festas que atendíamos eram festas de alto padrão. Quanto mais alto o padrão da festa, maiores eram as regras para os prestadores. Quanto mais regras, mais perdido eu ficava.
Apesar de todos os perrengues, foi uma experiência muito boa (por conta do nível das festas, eu e o time sempre comíamos muito bem hehe). A empresa durou até 2016, mais ou menos, sempre funcionando como um side job. Apesar de pouco, deu para ganhar algum dinheirinho.
O maior aprendizado que tirei dessa experiência foi que trabalhar com eventos é MUITO desgastante. A logística é chata. Você precisa transportar, montar, desmontar… tudo de forma rápida e discreta.
Além disso, você precisa ficar horas a fio de pé lidando com um público que, geralmente, está embriagado e te trata mal. Tudo isso à noite e em finais de semana, depois de uma semana inteira de trabalho "tradicional".
Por fim, a responsabilidade era muito grande. Você está atuando em um dos momentos mais importantes da vida da pessoa, que é seu casamento. Você simplesmente NÃO pode errar.
Diante de todas essas dificuldades, eu acabei deixando de lado o Instaplay. Então, comecei a procurar alternativas para ganhar dinheiro sem precisar sair de casa (lembre-se que estou falando de 2015, época que praticamente não se falava em home office).
Nessa época eu fazia muitos freelas. Construía desde portais simples em Wordpress até sistemas completos feitos, na grande maioria, com Python e Django.
Eu tentei, por várias vezes, produtizar os serviços que prestava nesses freelas. Tentei fazer um plugin de Wordpress que criava um site "automaticamente". Tentei criar um sistema de agendamento para clínicas médicas. Tentei criar um software de automação administrativa para laboratórios.
Além disso, tente criar alguns projetos do zero, como um site de venda de seguidores nas redes sociais. Tentei também criar uma ferramenta de automação de engajamento no Instagram. Nenhum desses projetos vingaram (na edição #33 eu contei o motivo dos fracassos com mais detalhes).
Eu só comecei a ganhar dinheiro, de fato, quando criei a Codevance, uma software-house. Na verdade, era o que já vinha dando certo, através dos freelas que eu fazia. A Codevance foi a evolução dessa minha prestação de serviço. O que mudou foi que eu parei de me posicionar como freelancer e comecei a me posicionar como fábrica de software.
Essa mudança, combinada com outras mudanças muito mais profundas, me fizeram evoluir na carreira. Posso dizer, com tranquilidade, que a Codevance foi o meu primeiro empreendimento de sucesso. Depois vieram outros, como a DevPro e, mais recentemente, o Tintim.
Foram anos tentando até conseguir acertar. Volta e meia eu me pego pensando: qual foi o ponto de virada? Difícil elencar apenas um elemento. O que eu consigo é encontrar pontos em comum nos projetos de sucesso e que não existiam nos projetos fracassados.
O que é founder-market fit?
Eu sou um desenvolvedor de software. Esse é o meu ofício. Durante os últimos 15 anos eu trabalho desenvolvendo software. Sem dúvidas, desenvolver software é o que eu sei fazer de melhor.
Na época em que criei a Codevance também era assim. Acredito que esse foi o fator determinante para que o empreendimento vingasse.
Durante anos eu dividia minha jornada entre desenvolver software durante o dia e buscar outras formas de ganhar dinheiro durante a noite. Importante dizer que eu trabalhava durante o dia somente porque era aquele ofício que me sustentava. O meu foco estava mesmo era nos projetos paralelos.
Quando eu decidi parar de procurar a felicidade fora de casa e focar no que eu era realmente bom foi que a vida deslanchou.
Algum tempo depois aconteceu algo parecido com a DevPro.
É verdade que, quando eu me juntei com o Renzo, eu tinha pouquíssima experiência profissional na área de marketing. Mas, apesar de não ser minha área de formação, eu consegui aprender relativamente rápido o ofício.
Isso aconteceu porque, apesar de ser algo novo, eu estava em um mercado que já conhecia e era apaixonado: o mercado de desenvolvimento de software.
Foi por isso, também, que o Tintim cresceu tão rápido. Nesse caso eu já tinha experiência tanto com desenvolvimento de software quanto fazendo marketing digital.
Esse nível de conhecimento e envolvimento com um mercado representa o tal do Founder-Market Fit, que é quando um empreendedor une paixão, habilidades e experiências em determinado mercado.
O Rodrigo Lopes, meu parceiro no Podcast De/Para, passou por algo parecido quando fundou a Docket. Um de seus sócios, sabia da dificuldade e da burocracia necessária para emitir documentos. Ele sabia disso porque tinha a experiência de anos trabalhando em uma construtora.
Meu amigo Bruno Okamoto, criador da primeira comunidade brasileira sobre MicroSaaS, sentia as dores de gerenciar uma comunidade online e, por isso, resolveu criar o MyGroupMetrics.
Quer mais exemplos?
Os fundadores do Airbnb alugaram os quartos da sua própria casa e durante muito tempo antes de criar a empresa.
O Slack, um dos softwares de comunicação mais famosos do mundo, era usado como chat interno de uma empresa antes de se tornar um produto, de fato.
O Flávio Augusto, famoso empreendedor brasileiro, trabalhou durante 4 anos na área comercial de uma escola de inglês antes de fundar a Wise-Up.
Atualmente estou lendo um livro chamado "Apaixone-se pelo problema, não pela solução". Ele foi escrito pelo Uri Levine, criador do Waze, Moovit e alguns outros aplicativos de sucesso.
No livro, ele vai na contramão e diz que é bom que o empreendedor não possua experiência no mercado em que pretende empreender. Segundo Uri, o fato do empreendedor ser um "forasteiro" contribui para a inovação, pois a inexperiência garante que não haja nenhum tipo de viés.
Entendo, faz sentido mas… não sei se concordo.
Não sei se absolutamente todo empreendimento de tecnologia precisa de uma inovação completamente disruptiva. O que não falta no Brasil é problema para ser resolvido. Problemas que não tem nenhum tipo de solução. Às vezes, só de fazer o básico, já temos avanços significativos.
Ter experiência e conhecimento sobre um mercado é uma vantagem competitiva muito valiosa. Com experiência você já sabe como se opera nesse mercado. Já sabe quais são os costumes, os vícios. Já sabe o que é bom e, principalmente, o que é ruim.
Além do mais, com todo esse conhecimento e repertório, fica muito mais fácil descobrir e aprender o que não se sabe.
E, o mais importante de tudo: um empreendedor que já conhece o mercado que pretende atuar possui conexões valiosas que vão encurtar muito seu caminho.
Um networking de qualidade vale muito mais que dinheiro. Com boas conexões você consegue validar suas hipóteses muito mais fácil e rápido. Com boas conexões você encontra seus primeiros clientes com essa mesma facilidade e rapidez.
Quer algumas provas? O primeiro grande cliente da Codevance foi um amigo. As primeiras 10 vendas do Tintim foram, também, todas feitas para amigos.
Ter founder market fit é como se o empreendedor estivesse largando em uma maratona com 5 km de vantagem. Essa vantagem pode te poupar anos de erros na sua jornada. Na minha opinião, esses benefícios valem o custo de se possuir algum viés.
Como eu sei se tenho founder market fit com minha ideia?
Você tem experiência de trabalho ou formação no setor em que pretende empreender?
Você possui uma rede de contatos relevante no setor? Esses contatos podem ajudar a abrir portas, fornecer insights ou apoiar o crescimento do seu empreendimento?
Você é apaixonado pelo mercado ou pelo problema que seu empreendimento pretende resolver?
Caso você responda positivamente todas as perguntas acima, você já possui algum nível de founder market fit com o seu empreendimento.
Agora, vamos à pergunta mais importante:
Você entende profundamente as necessidades, desejos e dores dos clientes nesse mercado?
Entender o seu cliente é importantíssimo para qualquer empreendimento. Entender seus problemas é fundamental. Lembre-se que o trabalho do empreendedor é resolver problemas.
Essa, com certeza, é a característica que mais conta pontos na hora de determinar se o empreendedor possui founder-market fit com sua ideia.
Por fim, sugiro um exercício a você que é programador e deseja empreender: ao invés de simplesmente "ter uma ideia", analise o mercado que você trabalha atualmente, ou algum mercado que você tenha bastante experiência, e procure algum problema que seja muito relevante.
Encontrou um problema? Ele dói muito? A galera pagaria um bom dinheiro para resolver esse problema? Ótimo! Agora pense em ideias para resolver esse problema.
Uma ideia que nasce a partir de um problema real possui chances infinitamente maiores de dar certo.
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Como foi a minha semana?
🏋🏻♀️ Pratiquei 5 dias de exercício físico e completei 16 dos 250 dias da meta do ano.
📚 Estudei 4 dias e completei 9 dos 200 dias da meta do ano.
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O que eu estou lendo:
📚 Apaixone-se pelo problema, não pela solução por Uri Levine
📚 Elon Musk por Walter Isaacson
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O que eu consumi que gostei e recomendo?
🎧 Ouvi um podcast muito interessante em que um cara argumenta que você deve gastar todo o seu dinheiro antes de morrer.
📝 Um artigo super interessante do Greg Isenberg defendendo o “pay-per-task” como modelo de negócio para SaaS.
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🫡 Esta foi mais uma edição da Newsletter do Moa.
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👊🏼 O meu objetivo com essa newsletter é ajudar profissionais de tecnologia que desejam desenvolver uma visão mais estratégica.
Além disso, pretendo também compartilhar outras coisas, como um pouco dos bastidores da construção de um negócio SaaS, as minhas opiniões e meus aprendizados.
A ideia geral é ser uma documentação pública e estruturada dos meus pensamentos e aprendizados ao longo dos anos.
Portanto, se você se interessa por soft-skill, desenvolvimento pessoal, empreendedorismo e opiniões relativamente polêmicas, sugiro que você se inscreva para receber as próximas edições. ⬇️
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