👋🏼 Bem vindo a edição de número #76 da Newsletter do Moa.
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É comum que as pessoas achem que ter "intuição" sobre alguma coisa é balela. Principalmente a galera de exatas, da qual faço parte. Mas, será que é mesmo?
Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu falo sobre a importância da intuição na vida de um empreendedor.
O sociômetro
Nesta semana, comecei a ler um livro chamado "The Culture Code", do autor Daniel Coyle. No primeiro capítulo do livro, o autor menciona uma pesquisa feita no MIT, sobre comportamento humano. Se liga…
Os caras do MIT desenvolveram um dispositivo chamado sociômetro. Ele é usado em pesquisas para capturar sinais sociais, bem sutis, que acontecem durante interações humanas. Ele é vermelho, pequenininho, do tamanho de um cartão de crédito, mas bem poderoso.
Ele captura vários comportamentos não verbais, como exemplo, padrões de fala, tons de voz, expressões faciais, movimentos corporais, proximidade física, interrupções, etc. Esses dados, capturados pelo sociômetro, são processados e usados para avaliar os níveis de engajamento, confiança e colaboração entre duas pessoas.
Coyle usa exemplos de estudos feitos usando o sociômetro para reforçar que as interações humanas são muito mais dependentes de sinais não verbais do que acreditamos. Olha que interessante estes dois exemplos.
Primeiro, um estudo em que pesquisadores utilizaram um sociômetro para analisar negociações. O estudo mostrou que a qualidade dos sinais sociais era um indicador muito mais preciso do sucesso da negociação do que argumentos racionais. Em praticamente todos os casos, era possível prever o resultado da negociação apenas lendo os primeiros sinais captados pelo sociômetro.
No segundo exemplo, o sociômetro foi usado para avaliar apresentações de pitchs feitas por empreendedores a investidores. A expectativa inicial era de que o sucesso dos pitchs dependesse da qualidade das ideias ou dos dados financeiros apresentados. Balela…
Os empreendedores que sinalizavam segurança, empatia e entusiasmo — através de expressões faciais positivas, variações de tom de voz e linguagem corporal aberta — tiveram mais sucesso, independentemente do conteúdo técnico do pitch.
Ou seja, os investidores são fortemente influenciados pela sensação de conexão emocional com o empreendedor. Isso é muito mais importante do que o conteúdo da apresentação. Se o investidor percebe confiança e competência através do comportamento não verbal, ele tende a acreditar no potencial da ideia.
Esses exemplos mostram como micro comportamentos não verbais são importantes em situações sociais. Mesmo em contextos em que a lógica e os dados parecem ser essenciais, os sinais sociais enviados durante a interação têm um impacto muito mais profundo.
Nós temos "sociômetros" embarcados em nosso cérebro. Nós temos a capacidade de captar esses sinais não verbais de forma automática através do nosso subconsciente. Ou seja: nossas decisões são muito mais intuitivas do que se pensa.
O jogo de poker
Você já viu um jogador profissional de poker? A imagem que vem a sua cabeça, provavelmente, é aquela de uma pessoa de cara fechada, de óculos, fone de ouvido, fazendo a tal da poker face para tentar passar um blefe e levar todo aquele dinheiro para casa. Estou certo?
Bem, esse perfil, de fato, existe. Mas, também existe uma outra modalidade de poker praticada profissionalmente, que é o poker online. Nesse caso, o jogador abre diversos jogos, de forma simultânea. Lá nos idos de 2012, quando me interessei pelo game e até cheguei a sonhar com uma possível carreira profissional no esporte, eu conheci jogadores que chegavam a jogar 32 telas simultaneamente. Como tomar uma decisão rápida, no meio de tanta tela?
Caso você não saiba, o poker é considerado um esporte de habilidade, e não de azar. Ele está na mesma prateleira do xadrez, dama, go, etc. Isso porque existe uma matemática atrelada às possibilidades que o baralho proporciona.
Resumindo, quando você joga apenas uma mão, a aleatoriedade é tanta que existe pouca relação entre fazer a jogada certa e ganhar a rodada. A habilidade passa a contar somente quando várias mãos são jogadas, permitindo, assim, que haja volume suficiente para que as tendências estatísticas entrem em ação.
Acima de tudo, o poker profissional é um jogo de probabilidades. A lucratividade de um jogador é produto da sua capacidade de tomar decisões com expectativa de valor positivo. Não é somente sobre acertar, mas, sim, sobre jogar várias mãos e acertar mais do que errar.
Quando o jogador de poker pratica o esporte online, ele conta com diversas ferramentas de apoio que coletam dados das ações dos oponentes, e entregam informações que facilitam sua tomada de decisão. Faz sentido, afinal, o jogador precisa tomar muitas decisões por minuto. Mas, principalmente, faz sentido, pois, no poker online, não há contato visual. Então, o que resta, é analisar o comportamento desse jogador através do seu histórico de movimentos.
No poker ao vivo, a história muda de figura. Presencialmente, só é possível jogar um torneio por vez, e sem a ajuda dessas ferramentas de dados. Em torneios desse tipo, a capacidade de leitura de sinais não verbais é determinante para o sucesso.
Claro, a análise racional segue sendo muito importante. Mas, sem dúvida, o que diferencia um jogador vencedor é a sua capacidade de ler sinais não verbais de forma automática. A sua intuição.
A intuição
Intuição é a capacidade de compreender ou saber algo instantaneamente, sem a necessidade de raciocínio consciente ou análise lógica. Sabe aquela história de "o meu santo não bateu com o dessa pessoa"? Isso é intuição.
Como a intuição é um processo inconsciente, as pessoas costumam ter dificuldade em justificar racionalmente suas intuições. Faz sentido, pois, de fato, o seu cérebro não usou a consciência, a racionalidade, durante esse processo.
A divisão entre o cérebro consciente e inconsciente é uma questão complexa, e a neurociência ainda não conseguiu definir, de forma objetiva, a quantidade de tempo que nosso cérebro atua em cada um desses modos de processamento. Mas, por mais que não haja proporção exata, alguns estudos indicam que apenas 5% a 10% do processamento mental diário ocorre de forma consciente. Ou seja: pelo menos 90% do processamento do seu cérebro acontece de forma inconsciente ou subconsciente.
Se 90% das suas decisões são tomadas de forma inconsciente e o cérebro não usa a razão, quando atua nesse modo, o que ele usa, então? A intuição! Por isso, é tão importante nós treinarmos a nossa intuição.
"Ué, mas dá para treinar a intuição?"
Claro que dá. A intuição é um processo subconsciente que se baseia em uma série de dados e informações que foram absorvidas ao longo do tempo, muitas vezes sem a gente perceber. O nosso cérebro armazena padrões e experiências anteriores e, em situações futuras, acessa essas informações rapidamente, antes mesmo que o pensamento consciente entre em ação.
Não pense que não há uma lógica por trás de uma decisão com base na intuição. A lógica existe. Você só não consegue identificá-la e explicá-la.
Mas, porque um empreendedor, especificamente, precisa desenvolver sua intuição?
Tomada de decisão em ambientes incertos
Assim como o jogador de poker, um empreendedor precisa tomar muitas decisões em um curto espaço de tempo. No nosso caso, existem dois tipos de decisão: as reversíveis e as irreversíveis.
Na maioria das decisões reversíveis, o erro custa pouco, justamente porque é possível voltar atrás e desfazer a cagada o erro. Já em decisões irreversíveis, o erro pode custar muito caro.
Um empreendedor com intuição bem desenvolvida consegue tomar decisões de forma mais rápida e de forma mais acurada. Vai acertar todas? Claro que não. Mas, não precisa. Em caso de decisões reversíveis, o segredo é ser rápido e acertar mais do que errar. Mais vale tomar 20 decisões e acertar 15 do que tomar apenas 10 decisões e acertar essas 10.
Já para decisões irreversíveis, é preciso que se pense muito mais antes de agir. Aqui, a intuição também ajuda, mas, de outro jeito…
Capacidade de visão além do comum
Uma pessoa visionária é aquela que enxerga o que poucos enxergam. Para conseguir ver o que os outros não veem, a intuição é peça-chave.
Quando um empreendedor acumula experiência, ele melhora sua capacidade de reconhecer oportunidades. O empreendedor intuitivo consegue perceber padrões e sinais sutis que outros podem ignorar.
É para ignorar os dados e a racionalidade? Óbvio que não. Só que o acesso a esses dados e a essa racionalidade praticamente todos empreendedores têm. O que ninguém tem é a SUA vivência, a SUA experiência e a SUA bagagem. Esses são os ingredientes que compõem sua intuição.
O Steve Jobs, por exemplo, foi conhecido por confiar em sua intuição para prever o desejo dos seres humanos por dispositivos que ainda não existiam, como o iPhone, iPad, etc.
Como desenvolver sua intuição
"A criação da publicidade não existe sem o contexto sócio cultural. Ou seja, é por isso que os melhores publicitários são aqueles que, apesar de gostarem muito de publicidade, gostam ainda mais é da vida! Gostam mais da música, da pintura, da literatura, do jornalismo, da arquitetura, porque a grande publicidade é aquela hora que você tira da vida, transforma em publicidade e devolve para a vida."
Quem disse isso não fui eu, mas, sim, o grande Washington Olivetto. O contexto da frase é sobre publicitários, mas, se a gente trocar por "empreendedores", continua funcionando direitinho.
O que desenvolve a boa intuição de uma pessoa é a cultura. É ler livros, ver filmes, ouvir podcasts, assistir cursos, viajar, conversar com outras pessoas… É ter contato com o novo, com novas experiências.
Mas não basta só consumir. É preciso colocar a mão na massa, também. Quanto mais o empreendedor trabalha, mais ele consegue catalisar essa cultura adquirida.
E, principalmente, é preciso também refletir. De nada adianta absorver, criar e não parar para analisar. Por isso, é importante pensar, escrever e conversar sobre o que se pensa. Esse texto está sendo uma baita reflexão sobre o assunto. Outra ótima forma de praticar a reflexão é através da psicanálise, que também sou fã e praticante assíduo.
Por fim, mas não menos importante, para aguçar seu instinto é preciso, acima de tudo, confiar no seu instinto. Praticar a tomada de decisão através dele. Se você estuda tanto, se você trabalha tanto, se você se desenvolve tanto, por que seu instinto falharia com você? Simplesmente confie.
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PS: Obviamente, não sou especialista no assunto. Por isso, tome esse texto como um entusiasta te convidando a conhecer mais sobre um assunto.
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Como foi a minha semana?
🏋🏻♀️ Pratiquei 5 dias de exercício físico e completei 211 dos 250 dias da meta do ano.
📚 Estudei 4 dias e completei 176 dos 200 dias da meta do ano.
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O que eu estou lendo:
📚 Terminei Os 5 desafios das equipes e comecei o The Culture Code, do autor Daniel Coyle. Muuuuuuito bom também. Estou gostando bastante.
📚 A noite estou lendo a biografia de Samuel Wainer, figura relevante na história da mídia brasileira.
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O que eu consumi essa semana que gostei e recomendo?
📺 Um ótimo papo com Lui Holleben, especialista em CS, no podcast da Astella. Descobri que ele também tem uma newsletter, que chama CS by Lui.
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Parabéns pelo texto! A reflexão sobre confiar no instinto é poderosa, especialmente para quem investe tanto no próprio desenvolvimento. Concordo que a intuição pode ser um guia valioso, um acesso rapido a tomada de decisão, quando necessário executar decisões rapidas e eficazes.
No entanto, várias vezes, o instinto carrega uma bagagem emocional do passado, que pode distorcer percepções. Imagine, por exemplo, alguém que cresceu ouvindo que “é perigoso confiar nas pessoas rapidamente”, ou “grandes riscos levam a grandes quedas.” e coisa do tipo. Esse tipo de convicção pode fazer com que ele evite parcerias promissoras, interpretando uma “sensação ruim” como intuição. Na verdade, ele está sendo guiado por uma crença antiga e limitante. E que faz tudo sentido, porque somos maquinas desenvolvidas para sobreviver, se você no passado "quase morreu" confiando em alguem ou arriscando muito, o futuro vai ter esse bloqueio "intuincional" :-).
Então hoje, ao ouvir minha própria intuição (quando consigo ouvir né, pq várias vezes é automático e inconsciente aquele pensamento/decisão), tento entender de onde vem essa sensação e questiono se é algo realmente atual ou uma memória do passado, se é o sistema tentando proteger de um risco real, ou imaginário? Assim, vejo isso como uma chance de destravar algo em mim e superar barreiras autoimpostas. A confiança no instinto é essencial, mas ao acompanhá-la de reflexão, posso enxergar além das limitações antigas e explorar novas oportunidades de crescimento. Nasmastê