Fui ao SaaStr, o maior evento de SaaS do mundo!
Será que valeu a pena viajar mais de 24h para ir a um evento?
👋🏼 Bem vindo a edição de número #70 da Newsletter do Moa.
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Fiquei os últimos 20 dias na Califórnia. Uma parte de férias com a família e outra a trabalho. Eu fui ao SaaStr Annual, o maior evento sobre Software como Serviço do mundo, que acontece anualmente em San Francisco.
Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu conto quais foram os meus insights sobre o SaaStr, e conto também se valeu a pena ou não ter viajado mais de 10.000 km para participar desse evento.
O tal do SaaStr
Foram 18 dias de viagem. 13 dias com a família, num delicioso período de férias por Los Angeles e San Diego, e mais 5 dias de muito networking em San Francisco. Caso você seja um leitor recorrente, deve ter notado a minha ausência nas últimas semanas.
Essa foi minha primeira viagem para os EUA, praticamente a primeira fora do Brasil (fiz uma para a Argentina, em 2014, mas faz tanto tempo e a Argentina é tão perto que eu não conto essa kkkk). O choque cultural foi absurdo. Consegui sentir na pele, pela primeira vez, que o Brasil está muito mais perto do Senegal do que dos EUA.
Toda essa história começou com o interesse em ir ao SaaStr Annual. Caso você não saiba, SaaStr é uma comunidade global e um conjunto de conferências focadas em empresas de software como serviço (SaaS). Participam dessa comunidade muitos empreendedores, investidores e profissionais de SaaS.
O SaaStr Annual é o evento que acontece todo ano lá em San Francisco (a meca das empresas de tecnologia). Eu já tinha visto algumas palestras de edições passadas do evento, e sempre ficava de cara com o nível de qualidade do conteúdo. Além disso, eu já disse aqui outras vezes o quanto considero importante participar de eventos para evoluir como pessoa, e também como empresa. Junte a isso, também, a vontade de conhecer os EUA, e pronto, temos a desculpa perfeita.
Antes de mais nada, um desabafo: a Califórnia é longe pra caramba. Meu Deus do céu. Como acabei otimizando a minha viagem por preço, e não por tempo, demorei 24h pra ir e 26h pra voltar. Uma epopeia. Mas, mesmo assim, valeu muitíssimo a pena.
Confesso que, sobre o evento, eu esperava mais. Fiquei sabendo que esse ano eles diminuíram pela metade o tamanho do evento e a quantidade de participantes. Acredito que essa retração esteja simplesmente acompanhando a retração do mercado de venture capital.
Em relação ao conteúdo, confesso que não assisti nada. Eu sabia que as palestras estariam todas disponíveis no Youtube depois (já estão, inclusive), por isso, dediquei meu tempo em me relacionar com as pessoas. Ainda assim, eu sempre dava uma olhada no line-up, e confesso que nenhum título me chamou atenção a ponto de eu ter vontade de assistir.
Mesmo assim, me surpreendi com a qualidade do evento. Estou acostumado com eventos brasileiros, em que, além de pagar o ingresso, também é preciso gastar muito dinheiro para comer lanches ruins e superfaturados nos food trucks. Lá no SaaStr, foi completamente diferente.
Primeiro que havia fartura em tudo. Tinha bebida de graça, tanto alcoólica quanto não alcoólica. Tinha almoço de graça, com muitas opções (sério, umas 10 opções diferentes). Pra você ter ideia, na hora do happy hour, tinham até acepipes de graça.
Além disso, os brindes dos stands eram muuuuuito superiores aos brindes dos stands brasileiros. Brindes úteis e de qualidade, de fato. Pra você ter uma ideia, tinha um stand que estava dando um relógio Omega, que valia mais de US$ 300. Você só precisava fazer uma publicação no LinkedIn divulgando a empresa e conseguir 50 likes. Um brasileiro conseguiu e acabou contando para outros brasileiros. Depois de 5 brasileiros hackeando o sistema para ganhar o relógio, eles perceberam que a gente não era o ICP (Ideal Customer Profile) deles, e decidiram barrar novos brasileiros dessa ação.
A diminuição do evento indica, sim, uma retração do mercado. Ao mesmo tempo, devido a essa fartura, é possível perceber que é um mercado em que ainda corre MUITO dinheiro.
Quais foram os meus insights
Como disse, eu praticamente não assisti nenhuma palestra. Investi todo o meu tempo em conversar com os brasileiros e também alguns gringos que estavam por lá. Sem dúvida, as palestras dão um termômetro de para onde o mercado está indo. Mas, eu acho que conversar com as pessoas é um indicativo mais fiel. Palestras são informações curadas e editadas, já um bate-papo não.
Também é importante dizer que muito do que eu vou compartilhar aqui já eram elementos que estavam na minha cabeça e, não necessariamente, vieram do evento, em si. O papo com a galera acabou confirmando muita coisa que eu já vinha pensando.
Vamos lá…
Tinha MUITO brasileiro no evento
Sério, se eu fosse chutar, falaria que 25% das pessoas que estavam no evento eram brasileiras. Isso é muito bom, pois indica que o mercado de software brasileiro está amadurecendo.
Eu já vinha intuindo esse amadurecimento olhando o sucesso de canais como Vivendo de SaaS, e A Nova Economia do Micro-SaaS, do Bruno Okamoto. Tem também as dezenas de novas newsletters sobre o assunto (a minha inclusa).
O fato de ter muitos brasileiros por lá também nos faz deduzir outra informação importante: o brasileiro está comprando muito SaaS. Essa cultura está se disseminando por aqui. Falo isso com propriedade, afinal, cerca de 2.000 pessoas já pagaram para usar o Tintim. Além disso, só em 2024 a gente já gastou mais de R$ 30k com ferramentas, num time que praticamente se manteve em menos de 15 pessoas durante todo o ano.
Ou seja: tem mercado pra caramba pra explorar.
O Brasil ainda tem muita oportunidade
O primeiro insight se conecta com o segundo. Eu vi, fácil, umas 5 soluções que poderiam ser abrasileiradas e teriam um tamanho de mercado gigantesco.
Dito isso, acredito fortemente que o nosso maior desafio ainda não é fazer produto, mas, sim, vender. Isso porque a grande maioria dos brasileiros ainda não tem nível de consciência elevado para usufruir de muitas dessas soluções. É preciso um esforço para educar o mercado.
Isso se relaciona com o próximo insight.
O ecossistema americano de tecnologia está anos-luz à frente do brasileiro
Por lá, as coisas são muito mais estruturadas, tanto do lado do consumidor quanto do lado do produtor de software.
Tive um papo bem legal com o Matheus, da Scient, em que ele explicou como existem muito mais boas-práticas na hora de se criar uma empresa no Vale do Silício. Eles possuem playbooks bem consistentes para todas as etapas de uma empresa, do zero ao $100M ARR (que é a faixa de graduação de um unicórnio).
Esse nível de maturidade e profissionalismo atrai dinheiro. O dinheiro atraído acelera o crescimento dessas empresas. Isso vira um círculo virtuoso. Já existe, sim, algum cenário de profissionalização e fomento no Brasil. Mas, é nítido que não chega nem aos pés do cenário americano.
Aqui no Brasil ainda tem muita gente vendendo o almoço pra comprar a janta.
As pessoas confundem PLG com Software Self-Service
Tem muita empresa que gera demanda com marketing e cria um ambiente self-service, em que o próprio cliente compra e usa o produto sozinho, sem intervenção humana. Esse é um ótimo cenário, e quem dera o Tintim tivesse esse nível de maturidade. Mas, isso não é, necessariamente, Product Led Growth.
Uma palestra que todo mundo falou muito bem e que eu assisti, quando cheguei em casa, foi a palestra do CEO do Apollo, contando como eles fizeram para transicionar de Sales Led Growth para PLG. Na fala dele, fica muito clara a importância do produto como fator relevante no aumento do nível de consciência do cliente. Isso é PLG: o próprio produto faz com que o usuário ganhe consciência suficiente até ter a necessidade de pagar para usar.
De novo: Entre Marketing Led Growth, Sales Led Growth ou Product Led Growth, não existe pior nem melhor. Só pontuo isso aqui para que tenhamos consciência da estratégia que estamos seguindo e, com isso, não façamos besteiras.
Cada vez mais, ganha o jogo quem vende melhor
Está cada vez mais fácil criar produtos. Mais fácil pode ser um exagero. Mas, com certeza, está muito menos difícil.
Eu conversei com pessoas que estão construindo produtos muito relevantes, que resolvem dores reais e que possuem ótimas chances de alcançar Product Market Fit. Ao mesmo tempo, eu não vi nada que fosse absurdamente disruptivo. Nada que eu olhasse e pensasse "não tenho a mínima ideia de como fazer isso".
Conversando com essa galera, eu percebi que esses produtos estão sendo entregues cada vez mais rápido e com maior frequência em relação ao passado.
Isso indica que a vantagem competitiva está cada vez menos no produto, em si, e cada vez mais na capacidade de distribuir esses produtos.
Um grande indício disso é que várias palestras mencionaram uma nova tendência do mercado de "multiproduto". A galera percebeu que fazer marketing está ficando cada vez mais caro, e é um desperdício conquistar a atenção e a confiança do usuário para vender apenas uma única solução.
Eu preciso contratar mais gente e empoderar meu time
O que nos trouxe até aqui foi a nossa capacidade de arregaçar a manga e fazer o que precisa ser feito. Tanto a minha capacidade, quanto a do meu time. Mas, não acho que é isso que fará a gente chegar ao próximo nível que desejamos.
Nosso crescimento é incrível, mas linear. Eu quero um crescimento exponencial. Para isso, eu preciso executar cada vez menos e pensar cada vez mais. Para isso, preciso contratar mais gente e empoderar a minha liderança.
Ficar fora da operação durante 20 dias me fez perceber que eu estava com uma visão e uma postura muito mais operacional e, consequentemente, menos estratégica. Percebi que muito do nosso crescimento pode estar limitado porque eu estou tendo que equilibrar muitos pratos. É preciso delegar e confiar.
E aí, valeu a pena?
Valeu muito a pena. Menos pelo evento, em si, mas muito mais pelo relacionamento com as pessoas.
Eu estava afundado na operação, olhando só para dentro. Foi muito bom conversar com outros founders e poder olhar pra fora. São essas conversas que nos fazem enxergar nossas falhas e identificar pontos de melhoria.
As férias com a família também foram revigorantes. Estava precisando disso.
Essa pausa foi providencial. Estou pronto para mais uma pernada de muito trabalho e, consequentemente, um enorme crescimento!
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Como foi a minha semana?
🏋🏻♀️ Pratiquei 6 dias de exercício físico e completei 178 dos 250 dias da meta do ano.
📚 Estudei 4 dias e completei 154 dos 200 dias da meta do ano.
📈 Toque aqui e veja a minha planilha de acompanhamento de métricas.
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O que eu estou lendo:
📚 Terminei o livro Great Leads: The Six Easiest Ways to Start Any Sales Message, do Mike Ford, fundador da Agora. Como sempre, uma leitura muito boa!
📚 Comecei agora o clássico Pipeline de Liderança, do Ram Charan. Bem denso, mas bem legal até aqui.
📚 A noite estou lendo a biografia de Samuel Wainer, figura relevante na história da mídia brasileira.
🗂️ Toque aqui para saber quais os livros já li e a nota que dou a eles.
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O que eu consumi que gostei e recomendo?
Nessas férias ouvi MUITO podcast bom. Vou listar alguns aqui:
📺 Uma entrevista no podcast do Joel Jota com o Lásaro do Carmo, que foi vice-presidente do Grupo Silvio Santos e elevou o valuation da Jequiti para R$ 1B.
📺 Um excelente papo sobre longevidade no podcast TalksByLeo com o médico Thiago Volpi.
📺 Uma aula de gestão rumo aos R$ 100M de faturamento com Hugo e Gobbi, no podcast Segredo dos Bastidores.
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Além disso, pretendo também compartilhar outras coisas, como um pouco dos bastidores da construção de um negócio SaaS, as minhas opiniões e meus aprendizados.
A ideia geral é ser uma documentação pública e estruturada dos meus pensamentos e aprendizados ao longo dos anos.
Portanto, se você se interessa por soft-skill, desenvolvimento pessoal, empreendedorismo e opiniões relativamente polêmicas, sugiro que você se inscreva para receber as próximas edições. ⬇️
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