É errado um dev esconder que tem dois empregos?
Entre sacrificar sua qualidade de vida para ganhar dinheiro e sacrificar sua vida financeira para ter qualidade de vida, o que você escolhe?
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Como na semana passada, estava navegando pelo TabNews para buscar inspiração para a newsletter quando encontrei alguém comentando um vídeo do Lucas Montano falando sobre devs que tinham dois ou mais empregos.
No vídeo, o Lucas leu alguns depoimentos de seguidores contando sobre como estava sendo a experiência de se ter dois empregos e o quão difícil era ter tempo para dar conta de todas as demandas.
Coincidentemente, essa semana um amigo de longa data veio conversar comigo pedindo alguns conselhos. Ele também é dev, mas buscava um cenário completamente oposto: construir algum produto para não ter que trabalhar mais "vendendo hora". Ele estava em busca de mais qualidade de vida.
Estamos falando de dois extremos: de um lado temos pessoas maximizando sua capacidade de vender horas, trabalhando para mais de um contratante. Do outro lado temos uma pessoa que quer minimizar a quantidade de horas trabalhadas para ter mais tempo para a família.
O que esses dois extremos possuem em comum? O tema da edição de hoje é autoconhecimento.
O problema técnico de todo profissional altamente qualificado
Ser médico, advogado ou engenheiro sempre foi sinal de status, pelo menos aqui no Brasil. Talvez essa boa imagem que a carreira transmite venha da grande necessidade de estudo. É preciso alguns bons anos de preparação teórica para se formar nessas profissões.
Essas são profissões que exigem uma alta qualificação técnica de quem as exerce. Geralmente, em profissões prestadoras de serviços, quanto mais qualificado você for, maior será sua remuneração. Isso também vale para programadores.
Num país majoritariamente pobre como o nosso, ter uma profissão que permita acessar salários de R$10k, R$ 20k, R$ 30k ou mais é praticamente um sonho de consumo. O alto salário, sem dúvidas, é um dos maiores benefícios de ser um profissional qualificado.
Para quem não tem dinheiro, a falta dele é a raiz de todos os problemas. Mas, quando se tem dinheiro, a gente percebe que existe uma outra infinidade de problemas que não podem ser resolvidos com ele. Um dos maiores problemas de quem exerce uma profissão altamente técnica é a falta de tempo.
Um dentista, um arquiteto e um programador são, resumidamente, comerciantes de horas. Quanto mais horas trabalham, mais ganham dinheiro. É claro que, quanto mais qualificado for o profissional, mais caro ele pode cobrar por essas horas. Mas, para se qualificar, é necessário muitas horas de prática. Percebe o paradoxo?
Em resumo, para ganhar muito dinheiro sendo um profissional prestador de serviços é preciso, necessariamente, trabalhar muitas horas.
Eu tive o problema de falta de tempo relativamente cedo na vida. Eu cresci em uma família que sempre passou por apertos financeiros. O básico nunca nos faltou, mas sempre vivemos com a corda no pescoço. Depois de adulto e formado, comecei a ganhar uma graninha legal, finalmente.
Como felicidade de pobre dura pouco, quando eu comecei a ganhar dinheiro, me faltava tempo para conseguir gastá-lo.
Essa era a dor do amigo que veio em busca de conselho. Estava trabalhando bastante e com pouco tempo sobrando. Ele queria construir algum produto digital que pudesse ser vendido em escala e, assim, fazer com que sua renda não estivesse mais atrelada diretamente a quantidade de horas trabalhadas. Para ele, seu tempo estava valendo mais que o dinheiro que ele ganhava.
Do outro lado temos programadores assumindo dois ou mais empregos. Nos depoimentos do vídeo do Lucas Montano, as características mais comuns eram as grandes cargas horárias e a dificuldade de conseguir "equilibrar dois pratos". O fato de a maioria estar fazendo isso escondido dificultava ainda mais a conciliação das duas posições.
De um lado nós temos uma pessoa buscando mais qualidade de vida, sem pensar muito no dinheiro. Do outro, temos pessoas buscando mais dinheiro, sem pensar muito na qualidade de vida. O que os dois casos têm em comum?
A importância do autoconhecimento
Se você está se matando de trabalhar em dois empregos, com certeza já ouviu alguém te questionando. "Pra que trabalhar tanto? A vida não é só trabalho. Para que ser tão ambicioso?"
Se você está buscando mais qualidade de vida e querendo trabalhar menos, também já deve ter sido questionado. "Tanta gente precisando de dinheiro e você desperdiçando oportunidades".
Quem pode dizer se você está errado ao se matar de trabalhar? Quem pode dizer se você está errado em querer trabalhar menos para ter mais qualidade de vida? Somente você.
Você é a única pessoa capaz de dizer se está tomando a decisão correta.
"Se todo mundo está trabalhando em dois empregos, eu é que não vou perder essa chance de colocar dinheiro no bolso". Tá, mas por que você precisa sacrificar sua saúde para colocar mais dinheiro no bolso?
"Se todo mundo está fazendo um MicroSaas e ganhando dinheiro de forma passiva, eu é que não vou perder essa chance de ganhar dinheiro fácil". Tá, mas por que você precisa ganhar dinheiro fácil?
O contexto em que você nasceu e cresceu é um fator super relevante no seu processo de tomada de decisão. Cada indivíduo possui uma história de vida única. Cada indivíduo possui um contexto de vida específico.
Grande parte da sua mentalidade, ou seja, do seu modo de pensar, foi construído baseado no modo de pensar das pessoas que te criaram quando você era criança. Uma pessoa que cresceu em uma família de trabalhadores duros, por exemplo, poderá ter uma propensão muito forte a trabalhar duro, quando adulto.
Além disso, os traumas da sua infância vão te acompanhar por toda a vida adulta e também ser parte relevante do seu processo de tomada de decisão.
Eu não tenho dúvidas que a escassez financeira que eu e minha família vivíamos quando eu era criança tem impacto direto com a minha grande ambição em relação a dinheiro.
Conversando mais a fundo com esse amigo para entender realmente sua situação para poder ajudar, descobri que ele não tinha reserva de emergência. Devido a alguns problemas pessoais, ele precisou gastar grande parte do dinheiro que tinha juntado durante anos de trabalho.
Por mais que ele estivesse "se importando menos" com dinheiro, o dinheiro ainda era um problema que merecia atenção.
Por que será que, mesmo com essa questão financeira para ser resolvida, ele estava se deixando levar pela ilusão do "dinheiro fácil"? Não sei. Somente ele pode responder.
Por que uma pessoa topa sacrificar a sua saúde e seus relacionamentos para ganhar mais dinheiro trabalhando em dois empregos? Não sei. Somente a pessoa pode responder.
Para mim, por exemplo, é antiético assumir dois empregos sem que todas as partes estejam cientes do que está ocorrendo. Alguém pode discordar de mim alegando que não há problema, desde que você consiga gerar o valor esperado em ambos os contratos. É um bom argumento.
Quem está certo? A resposta é: Não importa! Saber quem está certo é irrelevante. O que importa é você tomar uma atitude que seja condizente com seus valores e sua forma de pensar.
Se eu acho antiético esconder que tenho dois empregos, mas topo fazer isso seduzido pelo dinheiro, eu vou entrar num conflito interno que, com certeza, vai me levar a algum tipo de transtorno de ordem psicológica. Se outra pessoa não acha isso antiético e consegue entregar o valor esperado, basta seguir em frente sem nenhum tipo de peso na consciência.
De novo: O que importa é você tomar uma atitude que seja condizente com seus valores. Mas como fazer isso? Através do autoconhecimento.
Não existe outro caminho para uma vida feliz que não seja o autoconhecimento. Desenvolver a habilidade de saber o porquê você toma as suas decisões vai te ajudar a tomar decisões mais inteligentes e, principalmente, baseada nos seus valores. Esse é o caminho para uma vida feliz de verdade.
E aí, as suas atitudes estão condizentes com os seus valores?
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