Como nasceu a ideia do meu SaaS
Saiba porque que você não pode, em hipótese alguma, se apaixonar pela sua ideia.
Nas últimas edições eu falei bastante sobre ideias e conceitos que acredito. Foram essas ideias que me fizeram sair de um mero programador para uma pessoa disposta a fazer dinheiro de forma estratégica através de uma carreira na área de tecnologia.
Ainda que eu não tenha atingido grande parte dos objetivos da minha carreira, acredito que a minha trajetória até aqui já possui substância suficiente para servir de exemplo para ilustrar alguns pontos.
A ideia desta newsletter é ajudar pessoas que buscam empreender, seja montando seu próprio negócio, seja em seu emprego.
Aliás, é bom que isso seja explicado. Empreender, no sentido literal, é a ação de decidir realizar e pôr algo em execução. Ou seja, o verbo empreender não possui, necessariamente, uma relação direta com abrir seu próprio negócio. O que define o que é empreender é justamente a disponibilidade de agir a favor de uma solução, oportunidade ou necessidade.
Já empreendi diversas vezes ao longo da minha carreira. Desde importar e revender placas de Raspberry Pi até vender cursos de programação online, passando por lembranças fotográficas em festas de casamento. O meu mais novo empreendimento é o Tintim, um SaaS que ajuda agências e gestores de tráfego a medir e otimizar os resultados dos seus clientes que vendem pelo WhatsApp.
Hoje eu resolvi contar para você, meu amigo leitor, um pouco do nascimento da ideia e do processo de validação que originou o Tintim.
Antes, um breve contexto
Primeiro de tudo eu quero deixar muito claro: Eu acredito que nossa trajetória é uma narrativa.
Isso significa que os acontecimentos da sua vida são interligados. Tudo o que aconteceu no seu passado contribui diretamente para o seu presente. Não existem erros, apenas aprendizados.
Eu comecei a programar com 11 anos de idade, lá no início dos anos 2000. A internet começava a se popularizar e, por sorte, eu me apaixonei pela tecnologia que iria liderar a próxima revolução industrial do mundo.
Além de ter a sorte de descobrir muito cedo o que eu iria fazer da vida, eu também descobri muito cedo que queria ser muito rico e que adorava esse tal de empreendedorismo. Um dos meus primeiros produtos foi um bot de Twitter que divulgava eventos e serviços comentando automaticamente em posts com determinadas hashtags. Essas ferramentas de "automação de engajamento" já são batidas atualmente, mas em 2010 era algo totalmente inovador. Pelo menos na minha cabeça era.
Eu comecei a fazer freela e trabalhar por conta muito cedo também, lá por 2013. Isso acabou me levando a abrir a minha software house no fimzinho de 2017. Durante os próximos 6 anos, através da Codevance, nós entregamos algumas dezenas de projetos. A maioria deles eram MVPs para startups.
Foi na Codevance, também, que eu entendi que precisava aprender a vender. Estudando sobre vendas acabei caindo no mundo do marketing digital. Esse mundo me levou a me juntar ao Renzo no final de 2019. O objetivo era transformar a DevPro (na época Python Pro) em uma empresa de verdade. Durante os próximos 3 anos, eu fui o responsável direto por trazer mais de 2.500 alunos para a nossa escola online. Tudo isso através de compra de mídia (popularmente conhecido como gestão de tráfego).
Essa é a minha narrativa até o momento. 20 anos de experiência com programação. 6 anos de experiência ajudando empreendedores a tirarem suas ideias do papel. 3 anos em que investi quase R$ 1M em compra de mídia. Foi essa trajetória que me levou a ter a ideia inicial do Tintim.
Scratch your own inch
A tradução para este termo seria algo como "coce sua própria coceira". Abrasileirando e contextualizando, seria algo como "resolva seus próprios problemas".
Na DevPro, nós éramos uma empresa bootstrap. Isso significa que a empresa não tinha acesso a capital externo. O dinheiro que bancou o crescimento da DevPro não vinha de investidores, mas sim do bolso de seus fundadores e do próprio cliente.
Nós tínhamos pouquíssima margem para erro. O meu trabalho era investir o nosso dinheiro de forma estratégica na compra de mídia. Para fazer isso, era preciso muita análise de dados antes das tomadas de decisão. Só que, uma das minhas maiores dores, sempre foi conseguir medir toda a jornada do cliente, de ponta a ponta e de forma automatizada. O que não pode ser medido não pode ser melhorado.
Eu conseguia resolver parcialmente esse problema por conta dos meus conhecimentos como programador. Com uma maçaroca de scripts, macros e fórmulas de google sheets eu dava conta do recado.
Essa era uma dor universal do mercado. Todos meus colegas reclamavam que não conseguiam medir direito suas operações. Sempre que eu conversava com as pessoas, eu percebia que eu tinha conseguido montar um processo de análise de dados bem acima da média na DevPro, graças a minha bagagem como programador.
Depois de algum tempo eu pensei: "Por que não comercializar essa minha habilidade?". Foi assim que surgiu a primeira ideia do que viria a ser o Tintim.
Ainda dentro da DevPro, eu comecei a desenvolver uma prova de conceito.
A importância de ir para o mercado o mais rápido possível
A ideia inicial do Tintim era ser um agregador de dados que disponibilizaria métricas estratégicas para tomada de decisões. O gestor de marketing iria "plugar" todos seus serviços de marketing e vendas no Tintim e a ferramenta iria condensar os dados e transformá-los em informações úteis.
No começo era apenas um projetinho de final de semana, como tantos outros que já tinha começado. Nada muito pretensioso. Só que, nesse meio tempo eu acabei saindo da sociedade na DevPro. Foi quando resolvi me dedicar a desenvolver essa ideia.
Finalizei uma "primeira versão" de software bem porca e convenci um amigo a me deixar testar em sua operação. Era um business bem grande, com muitas visitas diárias, uma quantidade muito grande de gente pagando uma assinatura de algumas dezenas de reais mensalmente.
O cliente ideal para o Tintim. Pelo menos era o que eu achava.
Na prática, não deu certo. Juntar e processar todas as informações era bem mais difícil do que eu imaginava. Eu percebi que teria que fazer algo muito parecido com o que tinha feito na DevPro: uma série de scripts personalizados para manipular e processar dados. Como eu conseguiria fazer de forma genérica e vender isso para o mercado?
O que muita gente poderia encarar como um fracasso e um balde de água fria, na verdade deve ser encarado como o primeiro passo rumo ao objetivo de todo empreendimento: encontrar um problema de mercado que valha a pena ser resolvido.
Fazer esse rastreamento de ponta a ponta de forma fácil era, sim, uma dor. Mas ela não doía tanto assim. De fato, o nível de detalhe do rastreamento que fazíamos na DevPro era melhor que a média. Só que o nível da média era o suficiente. Não era perfeito, mas atendia a necessidade.
O maior erro do programador que quer construir um produto é se apaixonar pelo produto, e não pelo problema. Não tenho dúvidas de que eu conseguiria construir o Tintim do jeito que imaginava. Só que o jeito que eu imaginava o Tintim não era o que o mercado desejava. Não importa o que eu imagino. Importa o que o mercado deseja.
Diante dessa negativa, o que fazer? Dar um passo atrás e recomeçar, agora levando em consideração os aprendizados extraídos desse pequeno experimento. Lembra que não existem erros, apenas aprendizados?
Então, eu voltei a observar o mercado em busca de um problema que valha a pena ser resolvido. Mas, dessa vez, decidi fazer isso de forma estruturada.
Mas isso fica para a edição da semana que vem…
🫡 Esta foi mais uma edição da minha newsletter.
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O meu objetivo, com essa newsletter, é ajudar programadores que desejam empreender, ou que querem desenvolver seus soft-skills, mas ainda possuem uma visão muito técnica e pouco estratégica.
Além disso, pretendo também compartilhar outras coisas, como um pouco dos bastidores da construção de um negócio SaaS, as minhas opiniões e meus aprendizados. A ideia geral é ser uma documentação pública e estruturada dos meus aprendizados ao longo dos anos.
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