👋🏼 Bem vindo a edição de número #86 da Newsletter do Moa.
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No fim do ano, eu tirei duas semaninhas de folga. Na primeira, eu decidi investir um tempo para me atualizar sobre o tema do momento: inteligência artificial.
Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu falo um pouco mais sobre a minha opinião em relação aos impactos da IA na minha e na sua carreira.
Um bate papo despretensioso
Eu tirei o final do ano para estudar mais sobre Inteligência Artificial. Devido ao grande crescimento do Tintim nos últimos meses, eu fiquei completamente abarrotado e não consegui dar atenção especial para o tema.
Para ser bem sincero, eu não estava dando muita atenção. Pra mim, a IA era hype, até ver um amigo apresentando, num mastermind, o que ele vem fazendo com IA dentro da empresa dele. Fiquei abismado. Não vou entrar em detalhes, mas, o que ele fez é algo que, há anos, grandes startups precisavam de +100 cientistas de dados para fazer. Absurdo.
Nessa mesma época, o meu amigo Renato Haidamous veio falar comigo. Ele veio me apresentar seu mais novo projeto, o dorable.ai, e começamos a discutir sobre o tema. Papo vai, papo vem, o assunto foi para uma linha mais filosófica, sobre os impactos dessa nova tecnologia na sociedade atual.
Eu dei minhas opiniões. Disse o que eu achava e porque pensava daquele jeito. Ele deu as opiniões dele também. No fim da conversa, ele comentou: “isso daria um post da sua newsletter”. Aqui estamos!
As revoluções industriais
Provavelmente, você aprendeu isso na escola. Provavelmente, também, você esqueceu. Então, acho que vale a pena relembrar brevemente quais foram as revoluções industriais que aconteceram ao longo da história, e quais foram os impactos causados na humanidade por cada uma delas.
A primeira revolução industrial
Aconteceu lá pelo final do século XVIII, aproximadamente entre 1760 e 1840. Começou na Inglaterra, e depois se expandiu pela Europa e América do Norte.
O principal impacto da primeira revolução industrial na humanidade foi o uso da energia a vapor para mecanizar a produção. Por conta do descobrimento e da adoção dessa tecnologia, deu-se início ao sistema fabril.
Com o sistema fabril, houve o início da demanda em escala por mão de obra braçal. Guarde essa informação.
A segunda revolução industrial
Aconteceu aproximadamente entre 1850 e 1945, na Europa, Estados Unidos e Japão.
Várias coisas aconteceram nessa época. A invenção do telefone, do telégrafo e do rádio trouxe um salto gigante na forma como o ser humano se comunica. Mas, a grande estrela da vez foi, sem dúvida, o uso da eletricidade como fonte de energia.
A invenção do motor de combustão interna viabilizou a criação de novas indústrias. O Fordismo, também, foi o grande responsável pelo aumento da industrialização e produção em massa.
Por conta de todos esses avanços, a demanda por mão de obra braçal, iniciada na primeira revolução, agora explodiu.
A terceira revolução industrial
Aconteceu aproximadamente entre 1950 e 1970, também nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Foi nessa época que surgiu a eletrônica, com destaque para os computadores e, também, para os microchips. A criação e adoção dessas novas tecnologias permitiram o desenvolvimento da automação e robotização na indústria.
A partir dessa revolução, uma coisa muito importante aconteceu: toda aquela mão de obra braçal não é mais necessária, porque as máquinas passam a fazer o trabalho duro.
A demanda por mão de obra deixa de ser braçal e passa a ser intelectual. O ser humano deixa de fazer o trabalho e passa a controlar a máquina que faz o trabalho.
A quarta revolução industrial
Chegamos aos dias atuais. A quarta revolução industrial aconteceu ali no começo dos anos 2000, não num local específico, mas espalhada por todo o mundo. Isso porque a grande tecnologia propulsora dessa revolução foi a internet.
Foram tantas inovações proporcionadas pela internet que fica até difícil citar. Os mercados de trabalho e a produção global foram completamente transformados.
É aqui, inclusive, que eu e você entramos. Eu sou nascido nos anos 90 e tive a sorte de acompanhar e participar, diretamente do meu próprio quarto, do surgimento da internet. Você deve ser um pouco mais novo que eu, mas, também deve ter presenciado isso.
Com a chegada da internet, chegam também os “trabalhadores braçais digitais”. Estamos falando do programador; da pessoa que cuida do servidor; da pessoa que atende o cliente via chat; da pessoa que produz conteúdo para as redes sociais; da pessoa que sobe campanhas no Google Ads e no Meta Ads. Essa é a mão de obra do mundo digital.
Assim como bons trabalhadores braçais ganharam muito dinheiro no passado, nós, “trabalhadores braçais digitais" nos demos muito bem.
A IA vai tomar o lugar do humano?
“Legal, eu estou aqui, no Brasil, trabalhando remotamente como programador para uma empresa estrangeira, ganhando em dólar. Eu fico o dia inteiro de bermuda e chinelo escrevendo código e enchendo o bolso de dinheiro”.
Tenho VÁRIOS amigos que vivem essa vida. E isso não vale só para programador. Todos os trabalhadores das profissões que citei acima, provavelmente, trabalham dessa forma.
Mas aí chega a tal da inteligência artificial. Mais especificamente a inteligência artificial generativa. De repente, a máquina é capaz de produzir texto, áudio e vídeo. De repente, a máquina é capaz de fazer o meu trabalho.
Assim como o trabalho braçal deixou de ser feito pelo humano e passou a ser feito pela máquina, o “trabalho braçal digital” deixa de ser feito pelo humano e passa a ser feito pela máquina.
Antes, o ser humano aprendia a linguagem da máquina para poder controlá-la. Agora, a máquina aprende a linguagem do ser humano. Estamos entrando numa era de cooperação entre o humano e a máquina.
Mas, e aí, será que eu e você vamos perder nossos empregos? A resposta curta é: sim. Mas, calma!
A adoção da inteligência artificial está impactando TODOS os setores da economia. Há a automação de diagnósticos na medicina. Há os carros autônomos na logística. Existem diversos outros exemplos. Como eu sou um só e um completo ignorante em outros setores além da tecnologia, vou me ater a falar somente sobre o que eu entendo.
O “trabalho braçal digital”, ou seja, as tarefas repetitivas e baseadas em regras, passarão a ser feitas por inteligência artificial. Aliás, elas JÁ estão sendo feitas. O código já está sendo escrito pela IA. O conteúdo já está sendo escrito pela IA. O vídeo, a imagem e a música já estão sendo produzidos pela IA. Isso é um fato. Quem só sabe fazer isso, com certeza, vai ser substituído.
Agora, alguém precisa comandar essas máquinas. Assim como na terceira revolução industrial, o ser humano deixa de fazer o trabalho e passa a comandar o trabalho. Se você desenvolver essa capacidade, pode ficar tranquilo que você não será substituído.
Mas, o conjunto de habilidades necessário para comandar é completamente diferente das habilidades necessárias para operar.
Como se preparar para um mundo com IA?
Lá em 2021, eu li um livro muito bom chamado “Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas”. Nele, o autor David Epstein explica porque os profissionais mais valorizados e mais bem-sucedidos em suas áreas de atuação são os generalistas. Pra você ter uma ideia da qualidade do livro, Bill Gates o recomendou como um dos melhores livros lançados no ano.
Generalistas são pessoas que pensam fora da caixa e encontram saídas para problemas aparentemente insolúveis por meio da conexão entre áreas e ideias, a princípio, incompatíveis (pelo menos essa é a definição do autor).
Os generalistas têm vantagem sobre especialistas porque eles têm a capacidade de integrar conhecimentos de diferentes áreas e pensar de forma sistêmica. Essa é a base fundamental de quem é capaz de se adaptar.
Num mundo de IA, quem exerce o papel de especialista é a máquina. Não tente brigar contra isso. Você vai perder. Resta para nós, humanos, nos adaptarmos e assumirmos o papel do generalista. O generalista que será capaz de pensar de forma estratégica e resolver problemas usando a IA como a ferramenta que faz o trabalho duro.
A IA trabalha, o ser humano pensa.
Mas, como ser um generalista?
Desenvolva sua criatividade
A grande habilidade do generalista é, justamente, juntar pontos que, aparentemente, não possuem relação. Para isso, é preciso ter um vasto repertório cultural.
Seja curioso com áreas diversas além da sua área de atuação. Se você é programador, estude sobre arte. Se você é artista, estude sobre programação.
Além disso, estude história e filosofia. Nada no mundo é novo. Quem conhece o passado possui a capacidade de antever o futuro. Muita literatura, música e filmes também te ajudarão nisso.
Desenvolva habilidades interpessoais
De novo: antes, os seres humanos aprendiam a se comunicar com as máquinas. Hoje, as máquinas aprenderam a língua dos humanos. Saber programar tinha um grande valor. Hoje em dia, ao contrário.
Por isso, é preciso aprender a se comunicar com outros seres humanos. É preciso desenvolver empatia, inteligência emocional. É preciso desenvolver autoconhecimento.
São essas habilidades que vão te permitir colaborar e liderar outros seres humanos. Máquinas também.
Aprenda a resolver problemas complexos
De novo: a máquina é capaz de operar. O ser humano é capaz de pensar. Por mais que pareça que uma IA pense, na verdade, ela só é muito boa em entender o padrão necessário para produzir a resposta desejada (recomendo esse vídeo do Akita para mais detalhes).
Problemas simples, monotemáticos, a IA já é capaz de resolver sozinha. Agora, os problemas complexos, que exigem um conhecimento interdisciplinar, só podem ser resolvidos por humanos. Isso porque a IA ainda não é capaz de pensar de forma estratégica e nem de forma holística. Desenvolva essas habilidades e você se dará bem.
Desenvolva, também, a habilidade de pensar por primeiros princípios, e não por analogia (também falei sobre o assunto na edição #40).
Aprenda a se adaptar
Todo esse conhecimento vai te fazer aprender a entender o mundo como ele é. Essa habilidade permitirá ler e antecipar tendências. Mas, nada disso será útil se você não tiver coragem.
Desenvolva a si mesmo, como ser humano, para ter a coragem de agir com base nas suas próprias conclusões. Desenvolva sua autoconfiança. Coma bem, tenha um corpo treinado. Tome riscos. Aprenda a confiar no seu instinto e na sua intuição.
O mundo está em constante mudança e só sobrevivem aqueles que se adaptam. Esses são os treinos que te vão te preparar para ter a coragem necessária para arriscar e se adaptar quando necessário.
Por fim, não se assuste
Por mais que a demanda mude, sempre haverá demanda.
O iPhone foi criado em 2007. Junto com ele, foi criada uma indústria de aplicativos que, hoje, vale mais de $250 BILHÕES de dólares. Do nada. O smartphone resolveu uma série de problemas. Junto, criou uma série de novos. Para cada problema resolvido, surgem novos problemas.
O ser humano só é a espécie mais desenvolvida do mundo porque aprendeu a resolver problemas. Essa é a nossa essência, como espécie.
O mercado de programadores pode deixar de existir. O de gestores de tráfego, de social media, também. Agora, tem um mercado que nunca vai deixar de ter demanda: o mercado de problemas.
Se você for um resolvedor de problemas, você nunca passará fome na vida.
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Como foi a minha semana?
🏋🏻♀️ Pratiquei 6 dias de exercício físico e completei 20 dos 250 dias da meta do ano.
📚 Estudei 5 dias e completei 15 dos 200 dias da meta do ano.
📈 Toque aqui e veja a minha planilha de acompanhamento de métricas.
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O que eu estou lendo:
📚 Terminei Expert Secrets, do Russel Brunson e voltei o Invisible Armies, do Max Boot.
📚 Estou lendo a biografia do Steve Jobs, escrita pelo ótimo Walter Isaacson.
🗂️ Toque aqui para saber quais os livros já li e a nota que dou a eles.
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O que eu consumi essa semana que gostei e recomendo?
📺 Um ótimo episódio sobre conteúdo com o Paulo Cuenca, no ROI Hunters.
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Muito foda! Feliz que escreveu o artigo :)
Sou programador há uns 17 anos na área. O que estou vendo:
- não vejo mais chances de se contratar programadores iniciantes onde trabalho.
- há forte tendência em se demitir os low performers. Muitos caras que hoje estão empregados, com CLT, com férias e tudo não entregam nada demais. Só pegam tasks e vão pra casa. Ficam vivendo repetições de um mesmo semestre. Sobrevivem porque conhecem os sistemas, regras e pessoas.
- a IA é bem útil mas um dev precisa se adaptar e aprender a dominar as ferramentas para conseguir diminuir efetivamente o tempo de desenvolvimento da task.
- é muito simplista falar que a IA vai roubar o trabalho do programador. Trabalhar profissionalmente com sistemas requer muitas conversas, análises, estudos de UX, pesquisas em código existente de produção e tudo mais. Ou seja, eu como um Staff Engineer estou focado na evolução dos sistemas, redução de custos, melhora da qualidade do que é entregue e por aí vai. Eu praticamente nem preciso codificar projetos - só quando são coisas muito críticas. Eu passo grande parte do tempo desenhando diagramas, escrevendo user stories com grande profundidade, analiso problemas e comportamentos em produção e tento diminuir a entropia dos nossos sistemas.
Lembrem-se: nós somos pagos pela quantidade de decisões e alçada/alcance das mesmas. O ser humano, sim, sempre estará onde essas decisões são tomadas. E falando na área de TI, sim concordo que é mandatário ser generalista. E para quem quer ingressar na área, infelizmente, o caminho é difícil. Um caminho é já pensar em criar algo realista, com intenção de lucro, e usar isso como um portfólio.